domingo, 27 de março de 2022

Ha-Mashiach - O Cristo Escatológico?




Mashiach, Ungido, Cristo

Ao contrário do que muitas pessoas poderão pensar, "Cristo" não é o sobrenome de Jesus Nazareno. 

Mas o que significa a palavra grega "christos" (Χρήστος) ou a palavra "mashiach" (מָשִׁיחַ) no hebraico?

No Antigo Testamento, a palavra "mashiach" refere-se ao que era abençoado pela aplicação de óleo sagrado. Significa apenas "ungido" ou "consagrado". Não significa super poderoso, semideus, rei escatológico (dos "últimos dias") ou descendente de David. É apenas "ungido".

Esta palavra, "ungido" é até usada muitas vezes em muitos contextos no Antigo Testamento. 

Por exemplo:
1 Crónicas 16:22 Não toqueis em quem me é consagrado ["mashiach"], nem façais mal a meus profetas!
Aqui o texto obviamente não se refere a nenhum super rei poderoso nem a um cenário de "ultimos dias".

Vejamos outro texto:
Salmos 28:8 O Eterno é a força do seu povo, a fortaleza que salva o seu ungido ["mashiah"]...
Aqui, existe um "messias" que não vem salvar ninguém, mas alguém que necessita de salvação. 

Os objetos Cristo

Vamos ver também em Êxodo 40.
Êxodo 40:9 Tomarás do óleo da unção e ungirás a Habitação e tudo o que está dentro dela; tu a consagrarás com todos os seus acessórios, e ela será muito santa.
Êxodo 40:10 Ungirás o altar dos holocaustos com os seus acessórios, consagrarás o altar, e o altar será eminentemente santo.
Até os objetos podem ser ungidos. Aqui os sacerdotes fazem a consagração dos objetos do Tabernáculo. Sim, os objetos podem ser messias ou cristos.

Os reis Cristos

1 Samuel 10:1 narra a unção de Saúl, descrito como o primeiro monarca dos hebreus. A mesma tradição se repete em 1 Samuel 16:13 mas agora com David sendo ungido, consagrado como messias.

Reis supostamente escolhidos por Deus fazem o padrão de uma teocracia em que os sacerdotes têm de se mostrar favoráveis aos reis. Saúl e David são ungidos, são messias, são cristos. O autor de Samuel quer retroprojetar para o século X AEC (o suposto tempo de Saúl e David) que a aprovação dos reis era feita por sacerdotes seguindo ordens de Deus.

Avançando no tempo, passando para o século VI AEC, no regresso do exílio na Babilónia, Zacarias fala de Zorobabel, um alegado descendente de Davi, e do sumo-sacerdote Josué.
Zacarias 4:13,14 E ele me disse: "Não sabes o que significam essas coisas?" E eu disse: "Não meu Senhor" Ele disse: "Esses são os dois ungidos que estão de pé diante do Senhor de toda a Terra";
O texto refere Zorobabel e Josué que lideraram o povo no regresso do exílio babilônico de volta à terra prometida. Um descendente do Rei Davi e um sacerdote, governando Judá, são dois ungidos, dois messias.

Ainda no mesmo contexto da saída da Babilónia, Ciro da Pérsia é referido em Isaías como Cristo. Recordemos que Ciro derrotou os babilónios.
Isaías 45:1 Assim diz o Senhor (Yahveh) ao seu ungido (heb. לִמְשִׁיחוֹ֮, gr. χριστῷ), a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita, para abater as nações diante de sua face; eu soltarei os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão.
Na Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, a palavra usada em Isaías 45:1 é "cristo" ("χριστῷ").

Curiosamente, para complementar a questão do Ciro Cristo, temos Diodorus Siculus que afirma que Ciro foi crucificado:

Diodorus Siculus, 30 AEC, Biblioteca Histórica II.44.2
Por exemplo, quando Ciro, o rei dos persas, o governante mais poderoso de sua época, fez uma campanha com um vasto exército na Cítia, a rainha dos citas não apenas cortou o exército dos persas em pedaços, mas também fez Ciro prisioneiro e crucificou-o;

O Cristo, ha-Mashiach

Então "messias" quer dizer "ungido". Mas existe ha-Mashiach, que é "O Messias" esperado escatológico (dos último dias)? 

Não, na Bíblia Hebraica (Antigo Testamento) não existe. Os textos que alegadamente profetizam o Messias escatológico, por exemplo, Isaías 11, Ezequiel 37, Miqueias 5, Jeremias, etc, todos referem para o retorno após o exílio na Babilónia. Estes versículos são aplicados a Zorobabel, quando falam de um descendente de Davi que iria governar o povo no retorno da Babilônia.

Mas, ao menos, existe a palavra ha-Mashiach (הַמָּשִׁ֛יחַ) na Bíblia Hebraica? Existe, mas não se refere a um descendente de David. Refere-se apenas ao sacerdote. Israel era uma nação sacerdotal. O foco da Bíblia Hebraica são os sacerdotes. Os reis são quase sempre descritos como patéticos.
Levítico 4:3-5 Se for o sacerdote ungido (ha-Mashiach) que pecar, trazendo culpa sobre o povo, trará ao Senhor um novilho sem defeito como oferta pelo pecado que cometeu. Apresentará ao Senhor o novilho à entrada da Tenda do Encontro. Porá a mão sobre a cabeça do novilho, que será morto perante o Senhor. Então o sacerdote ungido (ha-Mashiach) pegará um pouco do sangue do novilho e o levará à Tenda do Encontro; 
Podemos confirmar nos versículos 3 e 5 que a palavra ha-Mashiach refere-se ao sacerdote ungido.


O Cristo Escatológico

Eventualmente a ideia de ha-Mashiah, como sendo o Messias escatológico, surgiu no século II AEC, por volta do tempo dos Asmoneus/Macabeus. Mas isto já é numa fase em que o judaísmo já se encontrava sob grande influência do helenismo. 

O cristianismo surgiu a partir destes novos pensamentos do judaísmo. Paulo usa essa ideia para ensinar que Deus tem um filho e que esse filho é o Cristo.



domingo, 13 de março de 2022

Jesus - Quantos Jesus?




Existem muitos registos sobre personagens chamadas Jesus que, de uma forma ou de outra, se podem relacionar com o Jesus dos evangelhos. Aqui faremos uma revisão aos artigos que já foram colocados sobre os vários Jesus.


Os Jesus da Terra

Jesus ben Pandera - de Jerusalém e da Galileia

O manuscrito Sepher Toldoth Yeshu (Livro da Genealogia de Jesus, em hebraico) descreve um Yeshu ben Pandera (Jesus filho de Pandera) do tempo dos Asmoneus (até ao século I AEC), em moldes muito semelhantes àqueles usados para descrever Jesus Nazareno. No texto não é referido como Cristo, mas é descrito como Filho de Deus.

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Jesus ben Stada - de Lud (perto de Jerusalém)

O Talmude é um livro sagrado dos judeus, um registro das discussões dos Rabis sobre lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto fundamental para o judaísmo rabínico. No Talmud Sanhedrin, 67a está escrito que Jesus Ben Stada foi pendurado em Lud (Lydda, a pouca distância de Jerusalém), na véspera da Páscoa. A mesma passagem relaciona este personagem com Jesus ben Pandera.

Jesus ben Damneus - de Jerusalém

Tiago, irmão de Jesus ben Damneus, terá sido confundido com Tiago, irmão de Jesus Nazareno?  

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Jesus ben Ananias - de Jerusalém

Josefo menciona, numa passagem, um outro Jesus num episódio ocorrido no ano 62 EC (“quatro anos antes da guerra”). Esta personagem tem muitas semelhanças com o Jesus Nazareno mas, neste tempo, o Jesus dos evangelhos já deveria estar morto por quase 30 anos. Este Jesus não é referido como Filho de Deus nem como Cristo, mas faz parte de episódios muito semelhantes àqueles narrados acerca de Jesus Nazareno.

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Jesus ben Sapphias - da Galileia

Um "Jesus" que terá contribuído para a criação da personagem Jesus Nazareno, poderá muito bem ter sido Jesus filho de Sapphias (ou Saphat), descrito por Josefo em "Vida (Autobiografia)" e "Guerra dos Judeus". Josefo diz que conheceu este homem, por volta do ano 67 EC e refere-o como "lider de um bando de marinheiros (pescadores?) e pobres" da Galileia.

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Jesus da imaginação

Jesus das aparições

Nos evangelhos existe a narrativa de uma "transfiguração" de Jesus. Mas o que é isso de "transfiguração"? Não seria antes uma "aparição"?


Jesus, segundo Paulo, é Filho de Deus e Cristo

Paulo retrata Jesus como um ser celestial, filho de Deus, ao qual é atribuido um corpo forjado a partir da semente de David para que cumpra a profecia de um Messias (Cristo) com origem na realeza judaica.


Jesus, Filho da Mulher Celestial

Em Revelação 12 (Apocalipse) contém aquilo que parece ser a descrição do nascimento celestial de Jesus.



Jesus dos Evangelhos

O Jesus dos evangelhos pode ter resultado do Jesus imaginário combinado com algumas personagens chamadas Jesus. Será que teve uma evolução assim como esta?

  - Deus tem um Filho (ano 20 ou 30 EC) que chama-se Yeoshua (salvação) que revelou-se por aparições

  - o Filho de Deus é Cristo (anos 40 a 60 EC) - Cristo seria sinónimo de Rei Abençoado (ungido)

  - Jesus Nazareno é o Jesus Cristo (Marcos, anos 70 EC)

  - Jesus Nazareno é Jesus da Nazaré (Mateus e Lucas, anos 80 a 100 EC)

  - Jesus da Nazaré é Deus (Evangelho de João - 90 a 110 EC)



terça-feira, 1 de março de 2022

Paulo - Filho de Deus é o Cristo




Deuses sofredores e salvadores

Existiram cultos de deuses salvadores na antiguidade nos quais se pretendia adorar um herói divino com forma humana. Todos estes cultos tinham algum tipo de herói sobrenatural que teve alguma convivência com os humanos na terra. Não temos nenhuma razão para acreditar que qualquer um desses deuses salvadores existiu na forma de uma personagem da História. Mas em todos esses cultos salvadores os fiéis acreditaram que seu Senhor salvador, através de alguma forma de sofrimento ou sacrifício conquistou as forças da morte, assim garantindo uma vida abençoada, após a morte, aos seus seguidores. Para participarem no culto, os seguidores tinham rituais de batismo ou de refeições sagradas, entre outros. Pode-se observar essa tendência com os cultos de, por exemplo, InannaHérculesDionísosZalmoxis, Mitra e Rómulo.

Assim como não temos evidências de que qualquer um desses heróis realmente existiu também não podemos assumir que Jesus é mais histórico do que esses. 

Seria Jesus uma exceção à regra, o único deus salvador sofredor que realmente existiu? Precisamos de evidências de que ele foi uma exceção pois se parece com os outros, sendo uma versão judaica deles, a versão judaica do herói sofredor que conquistou a morte garantindo assim uma vida abençoada após a morte.

Na verdade, não há nenhum atestado claro de que Jesus realmente viveu por parte de qualquer fonte que viveu na época. Os únicos documentos que mencionam Jesus, escritos por alguém vivo na época, nunca o colocam claramente na história real, nomeadamente as cartas de Paulo, Hebreus e 1º Clemente.


Apóstolo Paulo

Como contemporâneo, Paulo estranhamente diz que só conheceu Jesus por visões e pelas escrituras (a Bíblia Hebraica, que Paulo conhecia pela versão grega Septuaginta).

Paulo repetidamente diz que tudo o que sabe sobre Jesus foi lhe dado a conhecer apenas pelas escrituras e revelações: Romanos 10:14-16;16:25-26, Gálatas 1, 1 Coríntios 15 e assim por diante. Paulo diz que recebeu seu conhecimento da ressurreição de Jesus e sobre a eucaristia de Jesus por "revelação diretamente do Senhor". Em outras palavras, Jesus falou diretamente com ele a partir do céu, Paulo não se informou com testemunhas humanas.

Paulo nunca se refere a alguém que tenha sido discípulo de Jesus. A palavra "discípulo" simplesmente não aparece em nenhum escrito de Paulo. E Paulo nunca conheceu Jesus. Paulo, no entanto, refere dois grupos que parece querer distinguir:

- "Apóstolos" - seriam todos os que tiveram uma revelação de Deus ou do Filho de Deus; 

- "Irmãos do Senhor" - seriam todos os crentes no Senhor, ou apenas aqueles que teriam atingido algum lugar de destaque.


Paulo nunca identifica uma mãe ou um pai de Jesus. Refere o seu nascimento apenas alegoricamente ou metaforicamente. Quando diz que Jesus nasceu de uma mulher, é no contexto de um argumento alegórico sobre as sementes alegóricas de Abraão e as suas duas mulheres. Paulo diz que todos nascem de Agar, enquanto sob a lei judaica, e depois de Sara quando salvos, libertos, beneficiando da ressurreição de Jesus. Mesmo que Paulo soubesse que Jesus teve uma mãe literal, ele nunca refere isso. 

Dentro da mesma linha de pensamento de Paulo, o livro de Revelação refere o nascimento cósmico de Jesus de uma mulher celestial.

É muito estranho o silêncio de Paulo sobre a vida de Jesus, ou sobre quem conviveu com Jesus, apesar de escrever dezenas de milhares de palavras sobre Jesus. Isso seria expectável se Jesus fosse de fato apenas conhecido na imaginação de Paulo, tal como ele alega, "em revelações". Paulo, no entanto admite que outros tiveram revelações antes dele, presumivelmente revelações de Deus ou do Filho de Deus. 


A ideia de um Filho de Deus

Na Bíblia Hebraica (o Antigo Testamento), o deus dos judeus, Yahveh, não tem nenhum filho único ou primogénito. O Antigo Testamento refere em algumas passagens "filhos de deus", provavelmente uma herança de um anterior politeísmo judaico. Mas definitivamente Yahveh não tem um filho especial, único ou primogénito.

Filo de Alexandria, um importantíssimo filósofo judeu, não sendo cristão, revelou que as escrituras escondiam uma informação sobre um filho primogénito de Deus. Os termo usados por Filo são muito semelhantes aos encontrados em várias passagens do Novo Testamento.

A informação de que Deus tinha um filho primogénito seria uma novidade anterior a Paulo. Seria essa a revelação que Deus teria feito aos apóstolos que Paulo admite serem anteriores a ele.

A novidade que Paulo quer trazer é que o Filho de Deus é o Cristo. Paulo acredita que Jesus, a certo ponto, foi transformado em humano, feito a partir da semente de David. Na verdade, ele acredita que Jesus se tornou mortal, foi crucificado e ressuscitou. A questão é que Paulo nunca coloca nenhuma dessas coisas no mundo terreno. Ele retrata a crucificação e o sepultamento como algo que ele tomou conhecimento através das escrituras ou por revelações.

Paulo só refere a existência de testemunhas de Jesus apenas depois da ressurreição (1 Coríntios 15). Não há menção de Jesus aparecer ou ser visto por ninguém antes disso. Para Paulo, Jesus era um ser celestial, envolvido num drama celestial, e não um homem envolvido na história humana. Isto até à sua ressurreição - Jesus morreu e ressurgiu para poder se envolver nos dramas humanos.


O Cristo (ha-Mashiach)

Recuemos uns séculos. 

Com a extinção do reino de Israel, por volta de 724 AEC, a identidade israelita foi integrada na identidade de Judá, mas com a queda do reino de Judá, por volta de 587 AEC, as identidades judaica e israelita estavam ameaçadas e os descendentes destes povos ansiaram por um rei "ungido" (abençoado por Deus), eventualmente restaurando a "casa de David".

A palavra "ungido" é "mashiach" em hebraico e "cristo" em grego.

Com a queda do reino de Judá, a elite judaica foi exilada para a Babilónia, residindo aí por décadas. Entretanto, alguns homens trouxeram esperança na restauração da identidade e independência judaica:

Ciro da Pérsia - derrotou os babilónios, repatriando os judeus para os território original; em Isaías é referido como Cristo/Messias

-  Zorobabel - alegadamente herdeiro da "casa de David", criou a expectativa da restauração de uma linhagem real mas desapareceu sem se saber o seu destino; aparece numa profecia em que Deus declara-o como "escolhido",

 -  Josué (Jesus), filho de Jozadaque - um sumo-sacerdote, do tempo de Zorobabel, a quem Deus atribui uma coroa;


Entretanto, os judeus perdem novamente a sua independência, sendo sucessivamente submetidos a vários impérios.


Jesus Nazareno

A primeira vez que se refere Jesus numa declaração clara e definitiva de que ele foi um homem que andou pela Terra é nos evangelhos com a personagem de Jesus Nazareno. Mas os evangelhos são de autores desconhecidos que escreveram uma geração mais tarde, numa terra e língua alheias à Palestina, e não citam fontes. Os evangelhos também são manifestamente míticos em estrutura e conteúdo. De fato eles estão cheios de afirmações inacreditáveis e bizarras em cada capítulo e nenhuma das aparentes afirmações históricas sobre Jesus pode ser corroborada.

Todos os autores posteriores, cristãos ou não, tiveram os evangelhos como fonte. E os evangelhos não são fontes independentes. Mateus, Lucas e João são fortemente baseados na narrativa de Marcos.


Os Historiadores

Quanto a Josefo, Tácito, Suetónio e Plinio Jovem, não há nada que seja útil para o estabelecimento de um Jesus histório. Pelo contrário, ou existem claras adulterações ou grosseiros viés de interpretação dos respetivos textos.

Quanto a Hegésipo, para além de ele ser do final do século II, o que ele tem a oferecer são lendas e histórias ainda mais ridículas e absurdas que os evangelhos.


O Filho de Deus é o Cristo

Se Jesus Nazareno tivesse sido realmente histórico, deveria ser muito fácil provar a sua historicidade. Seria muito natural Paulo ter escrito sobre a a vida de Jesus e sobre pessoas que o conheceram em vida e não apenas sobre os que o conheceram apenas após a sua ressurreição. Os fieis das comunidades a que Paulo escrevia deveriam ter curiosidade suficiente para querer saber coisas sobre Jesus Nazareno. 

Paulo deveria ter-se ocupado a escrever argumentos a defender a ideia de um desconhecido da Galileia, Jesus Nazareno, ser Filho de Deus e também ser o Cristo esperado.

No entanto todo o esforço argumentativo de Paulo é tentar provar que o Filho de Deus é o Cristo - contra as espectativas judaicas que apontavam que o Cristo teria de ser um líder humano de linhagem da realeza, à imagem de Zorobabel.

Aparentemente, Paulo não tem de provar que Deus tem um Filho, pois esse trabalho já teria sido feito pelos apóstolos anteriores a ele.

O autor de Hebreus (que tem uma doutrina muito semelhante à de Paulo) prefere associar o Filho de Deus à figura de Josué (Jesus), filho de Jozadaque, sumo-sacerdote.