Revelação 12 contém muitos elementos de astrologia, reforçando a tese de que o cristianismo originou-se não só do judaísmo mas também de outras superstições e práticas antigas.
Revelação 12:1-2
E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do Sol, tendo a Lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. E estava grávida e com dores de parto e gritava com ânsias de dar à luz.
A referência "mulher vestida do sol, com pés na lua, e coroa de estrelas" só pode referir-se a uma interpretação astrológica de uma observação dos céus. Tendo o sol e a lua na mesma imagem pode dizer-se que se trata de um eclipse solar.
No site da NASA podemos consultar a lista dos eclipses solares. Encontramos um eclipse interessante que ocorreu no equinócio da primavera de 71 EC (em 20 de Março).
Estamos a falar de poucos meses após a destruição de Jerusalém pelos romanos, na sequência de uma longa e horrível guerra. Portanto, um eclipse solar pouco tempo depois de um tão marcante evento para os judeus pode ter feito o autor de Revelação escrever sobre o significado do eclipse.
Este eclipse pôde ser observado muito perfeitamente na Grécia, onde existiam algumas comunidades cristãs (ou, mais rigorosamente, comunidades judaicas proto-cristãs). Também em Roma e na Anatólia (actualmente Turquia), também com comunidades cristãs, pôde ser observado em forma parcial.
Usando o site YourSky, usando parâmetros como:
- Data: 0071-03-20 09:00:00
- Localização: 38ºN,23ºE (Grécia, por exemplo Corinto) ou até mesmo 32ºN,35ºE (Jerusalém)
Isto é uma representação dos objectos celestes dessa data e local. Verificamos que a constelação Andrómeda ocupa o centro.
Será Andrómeda a mulher referida no texto de Revelação 12? Continuemos a narrativa:
Revelação 12:3-4
E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas. E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho.
A mulher está prestes a dar à luz. Um dragão aproxima-se para tentar devorar o nascituro. Será o mesmo dragão de sete cabeças, mencionado no capítulo 17 e também no capítulo 13?
Andrómeda, na mitologia grega, era filha de Cefeu, rei da Etiópia, e de Cassiopeia. Foi oferecida como sacrifício a um monstro marinho (Cetus, cuja constelação também seria visível durante o eclipse) mas salva por Perseu, que a tomou como esposa.
Continuemos:
Revelação 12:5-6
E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono. E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.
Durante a fase total do eclipse é possível ver as estrelas, mas quando o Sol reaparece por detrás da Lua, as estrelas desaparecem da nossa visão.
Assim, Andrómeda "fugiu" (desapareceu) e o Sol reaparece como um nascimento.
A mulher esconde-se durante 1260 dias, que representa três anos e meio. Muito provavelmente uma referência à duração da guerra judeo-romana que decorreu, principalmente em Jerusalém, de 66 a 70.
A criança que nasceu deveria representar todos os novos fiéis que a nova fé judaica, agora sem o Templo de Jerusalém, iria produzir. Essa nova fé judaica tornar-se-ia o cristianismo.
Continuando, vemos Perseu (referido disfarçadamente como "Miguel") a combater o monstro:
Revelação 12:7-9
E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos, mas não prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.
Continuando para o versículo 13, vemos que a mulher recebe asas de águia.
Revelação 12:13-14
E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão. E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente.
Mais uma clara referência astrológica, pois a constelação de Áquila (Águia) seria visível no céu.
Para concluir resta referir que o autor de Revelação inspirou-se em astrologia e mitologia grega para escrever este capítulo de Revelação.
Este texto sobre uma mulher celestial que dá à luz pode ter sido inicialmente escrito com a intenção de narrar o nascimento celestial de Jesus, mas parece uma alegoria para o nascimento de uma nova fé.
Referências:
- https://eclipse.gsfc.nasa.gov/SEsearch/SEsearchmap.php?Ecl=00710320