Vespasiano Messias, segundo Flávio Josefo
O autor judeo-romano Flávio Josefo, originalmente Yussef ben Matatias, nasceu em
Jerusalém por volta de 37 EC e era de uma família da aristocracia sacerdotal judaica. Aos
30 anos participou na Grande Revolta Judaica contra os Romanos de 66 a 67 EC, como líder militar
na Galileia.
Nesta guerra, os romanos foram liderados, inicialmente, por Vespasiano que conseguiu conter a revolta em toda a Galileia.
Quando a vitória dos romanos se tornou evidente, Josefo preferiu
ser capturado pelas tropas romanas, do que participar num pacto suicida entre
os seus companheiros de guerra. De prisioneiro rapidamente passou a protegido
do general (depois imperador) romano Flávio Vespasiano e do filho Flávio Tito
e, devido a isso, adotou o nome destes. Pouco depois da queda de Jerusalém,
seguiu Tito até Roma e lá recebeu a cidadania romana, uma pensão, assim como o
livre acesso à corte de Tito e de Domiciano.
Data
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Acontecimentos
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66 EC
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Início da
Grande Revolta dos Judeus contra os romanos. Josefo é comandante militar na
Galiléia. Vespasiano é comissionado por Nero para conter a revolta.
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67 EC
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Josefo
rende-se a Vespasiano, na Galiléia, em Jotapata.
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68 EC
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Em Roma, Nero suicida-se.
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69 EC
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O império romano ameaça desmoronar-se: três imperadores governam e são assassinados (Galba, Oto e Vitélio). Vespasiano retorna da Judeia e torna-se imperador em Roma.
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70 EC
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Tito, filho
de Vespasiano, derrota os judeus em Jerusalém. O Templo é destruido.
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73 EC
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A última
bolsa de resistência judaica é derrotada em Masada.
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75 EC
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Josefo
escreve Guerras dos Judeus.
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79 EC
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Tito sucede
ao seu pai como imperador.
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81 EC
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Domiciano
sucede ao seu irmão, Tito, como imperador.
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94 EC
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Josefo
escreve Antiguidades Judaicas.
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Josefo via esta revolta dos judeus mais como uma guerra fratricida
do que de libertação nacional. Descreveu muitos confrontos entre facções rivais
de judeus e parece que estes matavam mais compatriotas do que romanos. Obteve
os favores da família Flaviana, porque predisse que o rei do mundo inteiro,
aquele que as profecias antigas diziam que viria de Israel, seria o próprio
Vespasiano que, realmente, tornou-se imperador quando chegou a Roma vindo... da
Judeia! Vespasiano seria um Messias até para os próprios judeus, porque
trouxe-lhes ordem e salvou-os da autoaniquilação. Assim, Josefo imitou Isaías
que, no seu tempo, também profetizou que um estrangeiro, Ciro da Pérsia, seria
o Messias, rei do mundo.
Josefo, A Guerra dos Judeus, livro VI, capítulo 5, secção 4... Mas o que mais os incitou à guerra foi um oráculo ambíguo, também registado nas suas escrituras, afirmando que naquela época um dos seus se tornaria senhor do mundo. Interpretaram-no como alguém da sua própria raça, e muitos dos seus sábios enganaram-se na sua interpretação. Todavia, o verdadeiro significado do oráculo era a soberania de Vespasiano, que foi proclamado imperador em solo judaico. Tudo isto quer dizer que os homens não conseguem escapar ao seu destino, mesmo quando o preveem. Os Judeus interpretaram alguns dos portentos conforme lhes convinha e desprezaram outros, até que a ruina do seu país e a sua própria destruição os condenou pela loucura.
Vespasiano Messias, segundo Tacito e Suetónio
O cronista romano Tácito escreveu, cerca de 100 a 110 d.C., a obra História (lat. Historiae). Apenas os quatro primeiros livros e vinte e seis capítulos do quinto livro desta obra sobreviveram, cobrindo os acontecimentos do ano 69 e 70. A obra completa provavelmente cobria desde o período das guerras civis do Ano dos Quatro Imperadores (ano 69: Galba, Oto, Vitélio e Vespasiano) até ao período dos Flavianos (Vespasiano e os filhos Tito e Domiciano).
O autor romano Suetónio escreveu, por volta de 121 d.C., a obra Vidas dos Césares (lat. De vitis Caesarum), conhecido como Vidas dos Doze Césares, é o conjunto de doze biografias que inclui a de Júlio César e os onze primeiros imperadores do Império Romano: Augusto, Tibério, Calígula, Cláudio, Nero, Galba, Oto, Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano.
À semelhança de Josefo, Tácito e Suetónio escreveram também sobre
Vespasiano cumprir a profecia do Messias que viria da Judeia.
No entanto, como escreveram depois de Josefo, é possível que
se tenham baseado nos escritos deste.
Tácito, História, livro I, capitulo 10É possível que as misteriosas profecias já circulassem, e que portentos e oráculos prometessem a púrpura a Vespasiano e aos seus filhos; mas foi só depois da ascensão dos Flavianos que nós os Romanos acreditámos nessas histórias.
Tácito, História, livro V, capitulo 13A maioria estava convencida que as antigas escrituras dos seus sacerdotes referiam-se ao presente precisamente o tempo em que o Oriente triunfaria e da Judeia surgiriam homens destinados a governar o mundo. Esta misteriosa profecia referia-se a Vespasiano e Tito, mas o povo comum, fiel às egoístas ambições da humanidade, pensaram que este alto destino estava reservado para eles, e nem as suas calamidades lhes abriram os olhos para a verdade.
Suetónio, Vidas dos Doze Césares, livro X, Vida de Vespasiano, IVUma antiga superstição era comum no Oriente: que da Judeia viriam os governantes do mundo. Esta previsão, como mais tarde se provou, dizia respeito aos dois imperadores romanos, Vespasiano e Tito, mas os rebeldes Judeus, que a leram como se referindo a eles próprios, assassinaram o Procurador, eliminaram o legado consular da Síria, que veio para ajudá-lo, e arrebataram uma águia.
Conclusão: verificamos que a procura por Salvadores não era
um exclusivo dos judeus. Não só Josefo mas também os autores romanos Tácito e
Suetónio fizeram questão de enquadrar o Imperador romano na classe de Salvador
(Messias).
Vespasiano milagreiro, segundo Tácito e Suetónio
Tácito escreveu na sua obra História, que Vespasiano
praticou curas milagrosas: restaurou a visão a um cego e curou um homem com uma
mão doente. A cura do cego é semelhante a um episódio atribuido a Jesus em Marcos (ver aqui)
Tácito, História, livro IV, capitulo 81Nos meses em que Vespasiano esperava, em Alexandria, os dias dos ventos de Verão e mar estável, muitas maravilhas aconteceram, as quais mostraram o favor do céu e a inclinação das divindades por Vespasiano.
Um dos plebeus de Alexandria, conhecido por ser cego, prostrou-se de joelhos e implorou, soluçando, por uma cura para a sua enfermidade - a conselho do deus Serápis, a quem o povo cultivava entregando-se-lhe com superstição mais do que a qualquer outro - suplicou a Vespasiano que se dignasse molhar os seus olhos e rosto com cuspo. Outro, com uma mão doente, por conselho do mesmo deus, pediu que o César lha calcasse com a planta do pé.
Primeiro, Vespasiano riu e recusou. Eles insistiam de modo que ele, por um lado, receava o escândalo de uma tentativa frustrada, mas por outro lado a teimosia deles e as vozes dos aduladores induziram-no em esperança. Por fim, solicitou que os médicos estimassem se tal cegueira e debilidade estavam acima de ajuda humana. Os médicos discutiram diversos pontos: num deles a força da visão não fora consumida e poderia voltar se se removesse o obstáculo; no outro, a sua mão doente, se aplicada força curativa, poderia restaurar-se.
Talvez os deuses o quisessem e o divino ministério tivesse escolhido o imperador; por fim, o sucesso do remédio seria a glória do César, enquanto o ridículo em caso de insucesso cairia sobre os desafortunados. Assim, Vespasiano, acreditando que tudo era possível à sua sorte e que nada mais seria inacreditável, com o seu semblante alegre, entre a multidão em expectativa, acedeu aos pedidos. Imediatamente, a mão voltou ao uso, e o dia brilhou para o cego. Os que estiveram presentes ainda hoje o relembram quando nada ganhariam com a mentira....
Também Suetónio mencionou um episódio semelhante, mas em vez de curar uma mão doente, Vespasiano curou um homem coxo.
Suetónio, Vidas dos Doze Césares, livro X, Vida de Vespasiano, VII, 2 e 3Vespasiano ainda não tinha prestígio nem uma certa divindade, por assim dizer, uma vez que ele foi um inesperado e ainda recém-feito imperador; mas estes feitos também foram-lhe atribuidos: um homem do povo que era cego, e outro que era coxo, aproximaram-se dele juntos, quando ele sentou-se no tribunal, pedindo a ajuda para os seus problemas que Serapis tinha prometido num sonho; pois o deus declarou que Vespasiano restauraria os olhos, se ele cuspisse em cima deles, e daria força à perna, se ele se dignasse tocá-la com o calcanhar. Ainda que ele duvidasse que isso poderia ter sucesso e, portanto, negasse mesmo tentar, ele foi finalmente convencido pelos seus amigos e tentou as duas coisas em público diante de uma grande multidão; e com sucesso. ...
Vespasiano Messias, segundo Cassius Dio
O autor romano Cassius Dio (viveu de 155 a 235 d.C.) também referiu os milagres de Vespasiano em Alexandria, no Egipto. Mas este autor já é de um tempo muito posterior, pelo que terá usado Tácito e Suetónio, entre outros, como fonte para os seus textos.
Cassius publicou a obra História Romana em 80 volumes, após 22 anos de trabalho.
Cassius Dio, História Romana, livro LXV, capítulo 8Depois da entrada de Vespasiano em Alexandria, o Nilo transbordou, ficando, um dia, um palmo acima do normal; tal ocorrência, disse-se, só tinha ocorrido uma vez antes. O próprio Vespasiano curou duas pessoas, uma com a mão murcha, a outra cega, que veio a ele por causa de uma revelação em sonhos. Ele curou uma pisando a sua mão e a outra cuspindo nos seus olhos. Contudo, embora o Céu o engrandecesse assim, os alexandrinos, longe de deleitarem-se com a sua presença, detestavam-no de tal maneira que estavam sempre a zombá-lo e a injuriá-lo. Pois eles esperavam receber dele alguma grande recompensa, porque tinham sido os primeiros a fazê-lo imperador, mas em vez de ganharem algo, foi-lhes cobrado impostos adicionais.
Referências web:
- http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Tacitus/Histories/4D*.html
- http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Vespasian*.html
- http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/65*.html
Nunca li tanta idiotice!
ResponderExcluirde fato,
Excluirmuito bom, boa análise...
ResponderExcluirE Foi dado poder a besta,(imperadorromano)
ResponderExcluirApocalipse 13: 4. Adoraram o dragão, que tinha dado autoridade à besta, e também adoraram a besta, dizendo: "Quem é como a besta? Quem pode guerrear contra ela? " 7. Foi-lhe dado poder para guerrear contra os santos e vencê-los. Foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação. 8. Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo.
Estes concidadãos estavam a beira da loucura e apreciaram ao imperador Vespaciano como Salvador ou Messias da suas próprias vidas.
Também tenho esse entendimento
ExcluirParabéns pela análise, as críticas são dos protestantes sua ainda usam cabresto.
ResponderExcluirCorrigindo: * que ainda usam cabresto.
ResponderExcluirtodos esses relatos são posteriores a jesus, cerca de 50 anos mais tardios
ResponderExcluirkkkkkkkkm os evangelhos são depois dessa narrativa! Veja como Vespasiano é tratado por JOSEFO.
ExcluirMas oa relatos do novo testamento tambem são tardios.. posterior a Jesus
ResponderExcluirPor Testemunhas oculares e ainda vivas, logo um relato fidedigno pois reuniu adeptos, tiveram datas e precisoes, com nomes e personagens reais e historicamente documentados, por fontes judaicas e até pagãs (Antiguidades Judaicas, Analles e Vida dos 12 Césares), tudo isso é possível dentro de um período de 30 e 80 anos após os fatos.
ExcluirOs alienados nunca vai entender q o cristianismo não passa de um Plágio das outras histórias mais antigas
ResponderExcluirPlágio é essa baboseira de Vespasiano ser o messias
ExcluirPlágio? Kkkkkk
ResponderExcluirJoseffo escreveu antes de tácito e Suetônio e já falava a respeito de Jesus. As fontes Q, a tradição cristã/apostólica é anterior aos relatos de Vespasiano. Os evangelhos foram escritos entre 30 e 50 anos após Jesus, com testemunhas oculares e contemporâneas ainda vivas. Jesus viveu 30 anos antes de Vespasiano existir e esses ateus bitolados vem falar de plágio? Kkkk
Sendo pagãos é óbvio que toda narrativa assume um viés anticristãos e por que não antisemita? Não percebe que ambos, Tácito e Suetônio, assim como Celso e Porfírio eram romanos e antisemitas? Lógico que iriam desdenhar e satirizar das profecias judaicas e atribuir um significado de críticas e oposição as mesmas.
ResponderExcluirO cristianismo era antissemita. Pergunte pra qualquer judeu
ExcluirOs que, como sempre, decidiram não se lhes abrir os olhos, ainda assim, não conseguem enxergar os pontos da história.
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