Os evangelhos relatam que Jesus, durante a sua presença física na Terra, escolheu doze apóstolos. No entanto, os evangelhos praticamente só dão relevo a Pedro, Tiago e João.
Mas Paulo tinha um conceito muito diferente de “apóstolo”.
Vejamos como é que Paulo, nas suas cartas, apresenta este conceito e como é que
descreve os apóstolos que ele conhecia:
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no
início de cada carta, Paulo apresenta-se como apóstolo “segundo a vontade de
Deus” (Romanos 1:1; 1 Coríntios 1:1; 2 Coríntios 1:1; Gálatas 1:1; Colossenses
1:1);
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Paulo
diz que Cristo ressuscitado apareceu primeiro a Cefas e depois aos “doze”, a
quinhentos irmãos, a Tiago, aos apóstolos e, por fim, a ele próprio; justifica
essa aparição tão tardia porque começara por ser o menor dos apóstolos mas, entretanto,
crescera para ser o melhor (1 Coríntios 15:5-11) ;
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Paulo conheceu,
em Jerusalém, os apóstolos Cefas e Tiago ("irmão do Senhor", que não era apóstolo nos evangelhos) só depois de
decorridos três anos do início da sua missão (Gálatas 1:17-19);
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Paulo
diz que os apóstolos veteranos – Tiago, Cefas e João – confiaram a ele e
Barnabé a missão de evangelizar os gentios e que, mais tarde, sentiu-se
desiludido com Cefas e Barnabé, por achar que estes eram hipócritas (Gálatas 2:6-14);
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afirma
que, se ele próprio é apóstolo e viu Cristo, também tem o direito de comer,
beber e casar-se com uma “irmã” como os outros apóstolos e irmãos do Senhor (1
Coríntios 9:1-5);
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Paulo
assegura que nunca invocaria o facto de ser apóstolo para exigir despesas aos discípulos
(1 Tessalonicenses 2:6; isto sugere que outros o fizeram ou fariam);
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numa
das cartas aos Coríntios, Paulo descreve depreciativamente um conjunto de
apóstolos anónimos que rivalizavam com ele e tenta provar que é superior a eles
(2 Coríntios 11:5; 11:13; 12:11-12);
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Paulo tenta
promover a união entre as facções de Apolo, Cefas e dele próprio, mas acaba por
deixar de fora Cefas de uma boa parte do discurso (1 Coríntios 1:12; 3:5-9, 22);
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ninguem
possui todos os dons – ser apóstolo, ser profeta, ser instrutor, ter poderes
(?), curar, auxiliar, liderar, falar línguas (1 Coríntios 12:28-29; mas os
evangelhos e Actos sugerem que os
apóstolos reuniam todos estes dons);
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na
carta aos Romanos, envia cumprimentos aos apóstolos Andronico e Júnia (uma
mulher, pois é um nome latino feminino derivado do nome da deusa Juno)
informando que estes conheciam Cristo há mais tempo do que ele (Romanos 16:7; nas
traduções, o nome “Júnia”, foi substituido por “Júnias” para sugerir um nome
masculino)
Resumindo: a lista de apóstolos que Paulo menciona e que os evangelhos nunca mencionaram é:
- O próprio Paulo, Barnabé, Apolo, Andrónico, Junia;
- para além de muitos outros que Paulo menciona sem os nomear;
E Junia era uma mulher apóstolo?
Na sua carta aos filipenses, Paulo menciona as mulheres que trabalharam com ele na sua missão, indicando que a igreja de Filipos foi iniciada com o apoio de mulheres.
Filipenses 4:2-3 Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor. E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros meus cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.
Podemos dizer que estas duas mulheres - Evódia e Sintique - seriam também apóstolos?
"justifica essa aparição tão tardia porque começara por ser o menor dos apóstolos mas, entretanto, crescera para ser o melhor" Isso evoca um problema psicológico. Possivelmente, por ter negado Cristo em vida, Paulo sentira o peso do remorso. Isso justificaria sua obsessão por criar um culto à pessoa de Jesus de Nazaré. Sei que não há maneira de tratar objetivamente o psicologismo, mas a única forma de escapar dos deles nos relatos bíblicos é divinizar os personagens. Isso seria desonestidade intelectual! Muito bom seu texto, como sempre.
ResponderExcluirVocê é um especuladorzinho barato, travestido de cientista, que consegue enganar incautos e otários com esse besteirol travestido de história, só isso...
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