domingo, 17 de novembro de 2019

Resumo do século II





Ler Antes: Resumo do Século I

O início do século II teve o Império Romano a atingir a sua máxima extensão durante o exercício de Trajano como imperador (98-117 EC).

Alguns acontecimentos do século II relevantes para o desenvolvimento do cristianismo:

110 EC - Inácio De Antioquiana sua carta à comunidade cristã de Esmirna, revela preocupação com os docetistas – cristãos que não acreditavam que o Filho de Deus tinha encarnado num homem.
112 EC - Plínio, o Jovem, escreve uma carta ao imperador Trajano a indagar o que deveria fazer com os cristãos da sua província.
115 EC - Início da Guerra de Kitos - Segunda guerra dos Judeus contra os Romanos - Revolta da Diáspora - que durou até 117 EC, resolvida pelo general romano Lusius Quietus ("Kitos") que derrotou o líder judeu Andreas Lukuas no norte de África;
116 EC - Tácito escreve sobre como Nero culpou os cristãos pelo incêndio de Roma;
116 EC - Tácito escreve sobre milagres do imperador Vespasiano e sobre este ser o Messias das "professias do oriente"; 
117 EC - Trajano morre e Adriano torna-se imperador em Roma;
121 EC - Suetónio escreve sobre um tal de Crestos cujos seguidores foram expulsos de Roma por Cláudio
130 EC - Adriano manda reconstruir Jerusalém, agora como uma cidade romana, mudando o nome para Aélia Capitolina e com o templo dedicado a Júpiter/Zeus;
132 EC - Início da Revolta de Bar Kokhba - Terceira guerra dos Judeus Contra os Romanos, instigada por Simão Bar Kokhba, resultou em quase 3 anos de independência e necessitou de muitas unidades militares romanas para ser contida e resolvida em 136 EC;
135 EC - Justino Mártir escreveu no Diálogo com Trifon: "[Trifon disse:] ‘mas Cristo, se realmente nasceu e existe, é desconhecido, não se conhece a ele próprio, não tem poder até que Elias venha e faça a sua unção e o mostre a todos. E vocês [cristãos], aceitando um relato insustentável, inventam Cristo e morrem em sua defesa’”. É de presumir que este Trifon combatia o cristianismo e Justino escreveu uma apologia contra os ataques de Trifon. Nesta apologia Justino afirma que o Diabo antecipou-se a Jesus e criou os mitos de Dionisos, Hercules e Esculápio (Diálogo com Trifon, capítulo LXIX).
140 EC - Marcion de Sínope funda a sua igreja gnóstica e docética em Roma. 
142 EC - Marcion de Sínope produziu um evangelho (semelhante ao de Lucas) e propôs este e apenas dez cartas de Paulo para formar um cânon de escrituras cristãs. 
150 EC - Valentino funda a sua igreja gnóstica.
150 EC - Papias (segundo Eusébio, 200 anos depois, porque as obras de Papias não sobreviveram) escreveu Interpretações dos Dizeres do Senhor, possivelmente baseado no Evangelho Q, onde também afirma ter conhecido as filhas do apóstolo Filipe e um tal João, o Idoso. Papias afirmou dar mais valor às palavras que ouviu directamente dos “anciãos” ou dos seus seguidores do que aos escritos. Eusébio cita Papias de um modo evidentemente depreciativo (História da Igreja, III, 39).
160 EC - Justino Mártir menciona alguns episódios da Paixão e outros episódios encontrados nos evangelhos, a que se refere como “o Evangelho”, sem especificar nenhum por nome nem o número de versões conhecidas.
168 EC - Justino é morto pelo perfeito de Roma - tornando-se um "mártir", daí o nome Justino Mártir.
170 EC - É escrito o Evangelho da Infância segundo Tomé.
172 EC - Tatiano refere-se a quatro evangelhos (sem os nomear) que obteve de Justino e harmonizou-os numa obra única, o Diatessaron, onde omitiu as genealogias e tudo o que indicasse que Jesus provinha da linhagem de David.
178 EC - Celsus escreveu na Verdadeira Palavra: "Obviamente os cristãos utilizaram... mitos... ao fabricarem a história do nascimento de Jesus... É claro que os escritos cristãos são uma mentira e as suas fábulas não são suficientes para esconder esta monstruosa ficção". As obras de Celsus, por serem demasiado danosas para os cristãos, foram todas destruídas mas algumas frases sobreviveram em obras de apologistas cristãos como, por exemplo, Orígenes em Contra Celsus. Na sua obra, Celsus terá referido que Jesus Nazareno era filho de um soldado romano chamado Panthera (ou Pandera).
185 EC - Ireneu de Lyon, escreveu em Contra Heresias, sobre a existência de um Evangelho de Judas
185 EC - Ireneu em Contra Heresias explica a “razão” para haver apenas quatro evangelhos verdadeiros: “... porque existem quatro direcções no mundo, quatro ventos, quatro criaturas (referindo-se a Revelação 4:7) ...” (Contra Heresias III, 11). Ireneu é o primeiro a dar o nome aos quatro evangelhos canónicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Afirmou que a vida pública de Jesus durou desde os 30 anos até, pelo menos, aos 40 anos. 
195 EC - Tertuliano, em Contra Marcion, cita o evangelho de Lucas. No entanto atribui o alegado censo do tempo do nascimento de Jesus ao governador Saturnino (9 AEC), quando o evangelho de Lucas atribui o censo ao governador Quirinius (6 EC), deixando um lapso de 15 anos para a data do nascimento de Jesus. Isto mostra que a versão do Evangelho de Lucas que Tertuliano conhecia era diferente da versão que chegou aos dias de hoje..



É no século II que a personagem de Jesus da Nazaré começa a ser tomada como personagem histórica em vez de uma personagem do mundo mítico ou espiritual.

Jesus deixa de ser descrito como uma personagem divina que apareceu aos homens e passa a ser descrito como alguém que nasceu, cresceu e viveu junto com os humanos.