A Guerra de Kitos (115 - 117 EC)
Na Primeira Guerra dos Judeus contra os Romanos, que terminou em 73 EC, o Templo foi destruído, Jerusalém ficou em ruínas, o Grande Sinédrio (senado judaico) perdeu toda a sua autoridade, e dezenas de milhares de prisioneiros judeus foram vendidos como escravos.
O anti-semitismo estava a subir em todo o Império Romano.
Como se não bastasse a ação humana para dificultar a vida aos judeus, em 79 EC Pompeia foi destruída numa erupção vulcânica, levando consigo uma grande, próspera e livre comunidade judaica.
Os Judeus na Diáspora
No entanto ainda havia alguns lugares onde os judeus prosperavam - grandes comunidades judaicas em Alexandria (Egipto), no Chipre, na Cirenaica (atual Líbia) e também na Mesopotâmia (Babilónia).
Nesta altura a Mesopotâmia pertencia ao império Parto. O império Parto continuou as boas práticas iniciadas durante o império Aqueménida dos persas no que toca ao respeito pela diversidade e autonomia dos povos. Lembremo-nos que os judeus adoravam os persas que muito influenciaram o judaísmo.
Na verdade, os judeus gozavam de tanta autonomia que chegou a haver uma cidade-estado judaica mesmo ao lado da capital do império Parto, governada durante 15 anos por dois irmãos judeus, Anilai e Asinai (18 a 33 EC).
Roma vs Pártia
Roma e Pártia tiveram constantes guerras desde a época de Júlio César (50 AEC) e nenhum dos dois lados jamais foi capaz de obter uma vitória completa.
A pouco e pouco tornou-se uma guerra fria entre as duas super-potências em que deixou de haver conflito armado mas, no entanto, uma tensão permanente.
Em 110 EC, o rei da Armênia morreu e os partos instalaram seu substituto sem consultar os romanos. A disputa diplomática que se seguiu durou quatro anos até que o imperador romano Trajano decidiu resolver o problema sozinho invadindo a Armênia e depois a Mesopotâmia.
Para tomar a Mesopotâmia, Trajano precisou de dez legiões, ou cerca de 50.000 homens. Era um terço do exército romano naquela época, e a maioria das legiões do Oriente. Mesmo assim os romanos falharam nos objectivos militares - os partos, com militares judeus da Mesopotâmia, começaram a atacar os romanos por trás e cercaram-nos.
As dez legiões romanas ficaram presas atrás das linhas inimigas no que hoje é o Kuwait, e Trajano não conseguia reforços - o Império Oriental estava severamente mal defendido.
Enfim, espalhou-se a notícia de um movimento de resistência judaica que fez frente aos romanos - era um sinal de vingança pela humilhação em Jerusalém.
A Guerra de Kitos
A notícia de que os judeus estavam a dar pancada nos romanos chegou até à Cirenaica (actual Líbia). Em 115 EC, um judeu da elite aristocrática, chamado Andreas Lukuas, aproveitando a quase ausência de forças militares romanas, iniciou uma campanha brutal para tomar a província da Cirenaica. O exército de Andreas matou tantos civis que toda a província teve que ser repovoada após a guerra.
O mesmo aconteceu no Chipre, onde um rebelde judeu chamado Artemion quase exterminou a população não judaica da ilha.
Entretanto Trajano conseguiu romper o cerco na Mesopotâmia e comissionou o general Lusius Quietus, conhecido em grego como Kitos, para conter as rebeliões judaicas na Cirenaica e no Chipre. Esta guerra ficou conhecida pelo nome deste general.
O exército de Andreas teve tanta eficácia na Cirenaica que agora já ameaçava tomar o Egipto, que era a província mais rica e estrategicamente valiosa do Império.
Por volta de 117 EC, Andreas já havia capturado algum território do Egipto. Mas uma nova legião romana chegou sob a liderança de Marcius Turbo, que levou a campanha judaica a um impasse. Andreas fugiu para a Judéia, onde foi apanhado por Quietus em Lydda.
Entretanto, Trajano faleceu e foi substituído pelo seu primo Adriano.
A Guerra de Kitos foi um banho de sangue sem sentido. Foram dois anos de puro terrorismo judaico com genocídio de populações não judaicas.
Adriano proibiu os judeus de porem os pés em Chipre ou na Cirenaica sob pena de morte.
Paradoxalmente exilou toda a população judaica da Cirenaica e de Chipre para a ... Judeia que estava ainda despovoada por causa da Primeira Guerra Judaico-Romana.
Referências:
- http://www.gutenberg.org/files/10890/10890-h/10890-h.htm#a68_32
- http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/68*.html
- http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/69*.html
Ver também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário