Os autores de Mateus e Lucas, em algumas passagens, não se limitaram a copiar as frases encontradas em Marcos. Algumas alterações ao texto revelam a intenção de simplesmente o embelezar, mas outras revelam a intenção de modificar a doutrina apresentada em Marcos.
Discriminação étnica, a mulher que era cão
Num episódio sobre uma mulher grega, descrita como sendo de
origem síria e fenícia, que pede ajuda a Jesus e que este recusa-se
inicialmente, argumentando que “primeiro tem de alimentar as crianças, só
depois os cães”, Marcos coloca na
personagem de Jesus uma importante característica dos judeus do Antigo Testamento: a discriminação
étnica.
Marcos
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Mateus
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Marcos 7:24-30 Levantando-se dali, foi para as regiões
de Tiro e Sídon. E entrando numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas
não pode ocultar-se; porque logo, certa mulher, cuja filha estava possessa de
um espírito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés; (ora,
a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e rogava-lhe que expulsasse de sua
filha o demônio. Respondeu-lhes Jesus: Deixa que primeiro se fartem os
filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos.
...
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Mateus 15:21-28 Ora, partindo Jesus dali, retirou-se
para as regiões de Tiro e Sídon. E eis que uma mulher cananéia, provinda
daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de David, tem compaixão de
mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada. Contudo ele não lhe
respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe,
dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de nós. Respondeu-lhes ele: Não
fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então veio ela e,
adorando-o, disse: Senhor, socorre-me. Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar
o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. ...
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Neste episódio, “Marcos” não se preocupou em esconder que os
judeus, incluindo Jesus, consideravam os não-judeus como seres inferiores
equivalentes a cães.
Esta passagem é embaraçosa para os crentes porque não se
encaixa nos critérios éticos actuais, podendo ser classificado como um episódio
de discriminação étnica ou de racismo.
Por outro lado, esta passagem ajuda-nos a estabelecer o enquadramento cultural do autor de Marcos como sendo romano. Vejamos os seguintes pontos:
Por outro lado, esta passagem ajuda-nos a estabelecer o enquadramento cultural do autor de Marcos como sendo romano. Vejamos os seguintes pontos:
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na passagem, o narrador menciona que a
nacionalidade da mulher era siro-fenícia, em vez de simplesmente fenícia,
indicando a necessidade de distinguir entre fenícios da Síria e os fenícios de
Cartago (ou cartagineses); se “Marcos” fosse natural da Palestina teria simplesmente
usado a designação fenícia ou, então,
cananeia (tal como “Mateus” adoptou
na sua versão deste episódio);
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o autor
não se conteve em transmitir a ideia de que Jesus não se preocupava com fenícios; ora, os romanos
estiveram mais de cem anos em guerra contra os cartagineses (as chamadas guerras
púnicas) e, portanto, também não gostavam muito de fenícios.
No entanto, esta postura seria inaceitável para uma
comunidade composta por não-judeus, especialmente se fossem gregos, sírios ou
fenícios, pois nunca iriam aceitar um Salvador que praticasse esse tipo de
discriminação. Por isso, “Lucas”, que muito provavelmente escrevia para
comunidades gregas, omitiu esse episódio ao elaborar o seu evangelho.
Por outro lado, “Mateus” não teve problemas em descrever o
episódio, porque estava a escrever para judeus, pois, na sua versão, Jesus diz
“Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Para este autor,
o cristianismo era apenas uma ligeira variante do judaísmo e era,
evidentemente, só para judeus.
Cuspir não é bonito
Será que já foi realizado algum filme onde Jesus cospe na cara de um doente para o curar? Não é provável... pois não ficaria um take muito elegante.
“Mateus” e “Lucas” também acharam
que a utilização de cuspo para curar era um método embaraçoso (para não dizer
repugnante) para um ser tão poderoso como Jesus. Por isso, omitiram as seguintes
passagens de Marcos:
Marcos 7:32-34 E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele. Jesus, pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e, cuspindo, tocou-lhe na língua; e erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: Efatá; isto é Abre-te.
Marcos 8:22-25 Então chegaram a Betsaída. E trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse. Jesus, pois, tomou o cego pela mão, e o levou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa? E, levantando ele os olhos, disse: Estou vendo os homens; porque como árvores os vejo andando. Então tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos; e ele, olhando atentamente, ficou restabelecido, pois já via nitidamente todas as coisas.
Porquê cuspir, se Jesus poderia levantar simplesmente a mão
ou apenas tocar no seu paciente para o curar? E a segunda passagem seria
duplamente embaraçosa porque Jesus, para além de cuspir no seu paciente, não
conseguiu os resultados pretendidos à primeira tentativa pois necessitou de
dois rounds de terapia para curar o
cego.
Antes de avançarmos, repare-se, como também nestes dois
episódios, “Marcos” salienta o carácter secreto da missão de Jesus: antes da
cura, Jesus afasta-se da população com o seu “paciente” e no fim da cura
adverte para que não se faça publicidade.
Curiosamente, no Evangelho
Segundo João, encontramos também uma cura de cegueira envolvendo cuspo. Em
termos narrativos não se pode dizer que são dois testemunhos do mesmo episódio,
pois o relato de Marcos decorre em
Betsaida na Galiléia, enquanto o de João
tem Jerusalém como cenário. Podemos dizer que “João” ter-se-á inspirado no
relato de Marcos para criar o seu
próprio relato. Vejamos que solução “João” encontrou para o embaraço:
João 9:1-15 E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. ... cuspiu no chão e com a saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego, e disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé .... E ele foi, lavou-se, e voltou vendo.... Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto, quando mendigo, perguntavam: Não é este o mesmo que se sentava a mendigar? ... Perguntaram-lhe, pois: Como se te abriram os olhos? Respondeu ele: O homem que se chama Jesus fez lodo, untou-me os olhos, e disse-me: Vai a Siloé e lava-te. Fui, pois, lavei-me, e fiquei vendo. ... Então os fariseus também se puseram a perguntar-lhe como recebera a vista. Respondeu-lhes ele: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo.
Nesta versão, diminui-se o nível de repugnância, pois Jesus
não cospe directamente nos olhos do seu paciente: a saliva é utilizada para a
criação de um bálsamo improvisado. Parece que, no relato de “João”, o cego não
se cansou de apregoar a receita de Jesus contra a cegueira – fazer lama, barrar
nos olhos e depois lavar no tanque – como se estivesse a assegurar a todos que
Jesus não lhe cuspiu na cara!
Consta que o lendário judeu Jesus quando ainda jovem,no Templo,deixou espantados os Rabinos,com a sua inteligência e foi considerado um menino prodígio.Mas depois não mais se fala dêle e só surge mais tarde já com trinta ou trinta e três anos de idade a prègar uma doutrina que chocava com a Lei de Moisés,Abraão e Isaac o que foi motivo para a sua condenação.Mas sucede que na Índia há uma Seita religiosa que afirma que Jesus esteve lá e se for verdade,êle terá «bebido»no induísmo uma outra filosofia e terá aprendido artes mágicas, hipnotismo e outros truques de prestidigitação e malabarismo e uma vez regressado à Palestina,sua terra natal,aos seus truques malabaristas,o Povo chamava milagres.
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