Introdução
Este livro deveria ser conhecido pelo nome “Livro da genealogia
de Jesus”, tal como o autor (anónimo) declara na primeira linha de texto do
livro.
A tradição indicou como autor o apóstolo Mateus, talvez
porque neste livro o apóstolo Mateus é detalhado, sendo descrito como o
cobrador de impostos de Cafarnaum. Em Marcos
e Lucas, este cobrador de impostos
chama-se Levi e não está associado à personagem do apóstolo Mateus.
Segundo a teoria da “Dupla Fonte”, podemos dizer que o autor
de Mateus utilizou a informação da
quase totalidade do texto de Marcos
para construir o seu próprio texto, ou seja, Mateus é uma versão expandida de Marcos. No entanto, a narrativa de Marcos, embora sendo a base da narrativa de Mateus, constitui apenas metade da informação prestada neste texto.
A outra metade vem de outras fontes, inclusive a fonte teórica Evangelho Perdido Q que serviu também de
fonte para a escrita de Lucas. Outra
fonte muito importante foi o Antigo
Testamento, de onde “Mateus” retirou muitas frases e citações.
Mateus tem 1068
versículos, dos quais cerca de metade podem ter sido baseados em Marcos
e outros tantos baseados noutras fontes. E parece que era intenção do autor que
as várias fontes ficassem integradas numa unidade textual sólida onde as
fronteiras entre as várias fontes ficassem imperceptíveis. Mas o resultado é
que a sua obra cai muitas vezes no absurdo e no ridículo.
Data e local de escrita
É muito provável que Mateus
tenha sido redigido em Antioquia, na Síria, o berço de um dos primeiros grupos
cristãos, porque as mais antigas referências a este evangelho vêm de um dirigente
da igreja local, Inácio de Antioquia por volta do ano 100 EC.
A data de escrita pode ser determinada entre a data de
conclusão de Marcos e os escritos
deixados por Inácio de Antioquia, digamos, de 80 a 100 EC.
Estilo e doutrina
Existe a opinião tradicional que o autor de Mateus deveria ser judeu e estaria a
escrever para uma audiência de judeus.
O autor demonstra um bom conhecimento dos costumes judaicos e
um extenso, embora duvidoso, conhecimento das escrituras sagradas judaicas,
pois uma das características principais de “Mateus” é o uso extensivo (ou
abusivo) de citações do Antigo Testamento.
Este autor transforma qualquer frase do Antigo Testamento em profecia.
Por comparação dos textos, podemos considerar que “Mateus”
utilizou informação de 606 dos 661 versículos de Marcos (91%) para construir o seu próprio relato, mas “Mateus”
transforma a mensagem de Marcos numa
mensagem de salvação exclusiva para os judeus e para a nação de Israel. Segundo
este autor, o crente teria de respeitar as leis religiosas judaicas bem como os
critérios de salvação divulgados por Jesus.
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