Jesus e as armas
Jesus, afinal, não era só “paz e amor”, pois sugeriu aos
discípulos que ajuntassem espadas:
Lucas 22:35-38 E perguntou-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada. Disse-lhes pois: Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e quem não tiver espada, venda o seu manto e compre-a. Porquanto vos digo que importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento. Disseram eles: Senhor, eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta.
Queria Jesus formar um braço armado no seu movimento?
Segundo esta passagem, Jesus pretendia forçar que as escrituras se cumprissem
nele, ao citar um texto de Isaías:
Isaías 53:12 ... porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.
O texto de Lucas é
desconcertante, porque:
-
se
Jesus queria formar um movimento armado, então não seria consistente com uma
boa parte da sua mensagem;
-
se
Jesus queria forçar o cumprimento de profecias, então o autor atribui ao
próprio Jesus uma tentativa de fraude teológica.
Mas, tanto em Lucas como
em Mateus, Jesus tinha dito que a sua
missão não era de paz mas de espada e divisão:
Mateus
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Lucas
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Mateus 10:34-35 Não penseis que vim trazer paz à
terra; não vim trazer paz, mas espada. Porque eu vim pôr em dissensão o homem
contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;
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Lucas 12:51-53 Cuidais vós que vim trazer paz à terra?
Não, eu vos digo, mas antes dissensão: pois daqui em diante estarão cinco
pessoas numa casa divididas, três contra duas, e duas contra três; estarão
divididos: pai contra filho, e filho contra pai; mãe contra filha, e filha
contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.
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Para além disto, em Lucas,
Jesus, através de uma parábola, ordenou aos futuros discípulos para capturar e matar aqueles que não aceitassem
que ele era rei:
Lucas 19:27 Quanto, porém, àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim.
Portanto, ou Jesus não tinha consistência ao promover
simultaneamente a paz e a guerra, a união e a desunião, ou os autores dos
evangelhos construiram as suas narrativas a partir de fontes muito diversas.
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