domingo, 25 de novembro de 2012

Lucas - Impostos







Lucas e os Cobradores de Impostos

Podemos facilmente suspeitar que os cobradores de impostos eram das pessoas mais odiadas na Galiléia e Judeia pelas seguintes razões:
-          eram considerados um dos elos da força de submissão por parte do poder ocupante dos romanos;
-          cobravam dinheiro a mais de modo a guardarem para eles próprios uma boa margem;


O autor de Lucas intensificou a tradição de Marcos quanto à questão de trazer uma imagem favorável aos cobradores de impostos. Para além das passagens que também encontramos no outro evangelho, Lucas contém uma série apreciável de passagens exclusivas que branqueiam a imagem tradicional dos cobradores de impostos.



Cobradores são fervorosos crentes

Em várias passagens exclusivas, “Lucas” mostra o quão devotos os cobradores de impostos se estavam a tornar. 
Lucas 3:12-13 Chegaram também uns publicanos para serem batizados, e perguntaram-lhe: Mestre, que havemos nós de fazer? Respondeu-lhes ele: Não cobreis além daquilo que vos foi prescrito. 
Lucas 7:29 E todo o povo que o ouviu, e até os publicanos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o batismo de João. 
Lucas 15:1 Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.

Com estas passagens, Lucas enviava aos seus leitores as seguintes mensagens:
-          os cobradores de impostos, ao se tornarem crentes, deixavam de enganar os contribuintes, passando a cobrar apenas o estritamente necessário;
-          os cobradores de impostos eram boas pessoas com vontade de se misturar com o povo e de se converter às mesmas crenças;



Parábola do fariseu e do cobrador

Numa passagem exclusiva de Lucas, Jesus conta uma parábola onde figuram um fariseu e um cobrador de impostos. 
Lucas 18:9-14 Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano.  O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano.  Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, o pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.

Nesta história, o cobrador de impostos sai-se muito melhor do que o fariseu! (... porque é que não estamos surpreendidos...?)



O chefe Zaqueu

Noutra passagem, Zaqueu, que era um rico chefe de cobradores de impostos (rico, porque obviamente roubava os contribuintes...), é brindado com uma visita de Jesus a sua própria casa. 
Lucas 19:2-10 Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico. Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura. E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa. Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria. Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador. Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado. Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.

No fim de contas, Zaqueu quis arrepender-se e devolver aos contribuintes todo o dinheiro que tinha roubado. Este episódio, bem como os outros que já vimos, serviriam para demonstrar a vitória do cristianismo sobre a corrupção. Esta posição parece também conter um apelo ao aparelho de Estado para tolerar ou mesmo apoiar o cristianismo.



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