Saúl, o primeiro rei
Reino Hebreu Unificado
A Bíblia fala de um reino, que a cronologia tradicional coloca entre os séculos XI e X AEC, unindo várias tribos, que teve os seguintes reis: Saúl e Isbosete da tribo de Benjamim; David e Salomão da tribo de Judá. A Bíblia é muito detalhada na descrição destes reis, mas a arqueologia tem pouco a dizer para confirmar.
Os relatos bíblicos parecem indicar que havia uma facção israelita
que desejava uma monarquia, invocando que um rei constituiria uma solução mais estável e
duradoura para a união das tribos do que os ocasionais líderes carismáticos
denominados “juízes”.
A escolha de Saúl
Para resolver esta situação política, o profeta-juíz Samuel
juntou todo o povo de Israel e escolheu, por sorteio, um rei para Israel. A
sorte recaiu em Saul, da tribo de Benjamim, mas o sorteio estava viciado,
porque Saul já tinha sido escolhido antes por Yahveh através do profeta. Uma situação cómica é que, quando Samuel anunciou o vencedor do sorteio, ninguém
conseguia encontrar Saul e o povo até indagou a Yahveh para saber onde ele
estaria. Yahveh respondeu então que Saul “escondeu-se no meio da bagagem” (1
Samuel 10). Talvez Saul tivesse medo que o povo descobrisse que o sorteio tinha
sido corrompido!
O genocídio dos amalequitas
Saul foi confirmado rei após algumas vitórias militares mas,
pouco tempo depois, o reinado de Saul começou a desmoronar-se por ter perdido o
apoio de Deus. É que Yahveh tinha-lhe encomendado o genocídio dos amalequitas,
como um ajuste de contas de algo que se tinha passado séculos atrás:
Samuel 15:2-3 Assim diz o Senhor dos exércitos: Castigarei a Amaleque por aquilo que fez a Israel quando se lhe opôs no caminho, ao subir ele do Egipto. Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e o destrói totalmente com tudo o que tiver; não o poupes, porém matarás homens e mulheres, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos.
Saul foi para a guerra contra os amalequitas mas teve
compaixão do rei Agague e poupou-o ao massacre, e também não achou bem destruir
as manadas. Isso enfureceu Yahveh, acusando Saul de desobediência e
retirando-lhe todo o apoio (Yahveh não gostava de mariquices como a
compaixão... mas, vendo bem as coisas, Saul deve ter ficado aliviado, pois o “apoio”
de Yahveh devia ser duro de suportar...). Desiludido com Saul, Yahveh começou a
virar as suas atenções para um novo candidato a rei: David, da tribo de Judá.
Saul, verificando que também o povo começava a mostrar preferência por David, teve ciúmes dele e tentou matá-lo com uma lança, enquanto ele tocava harpa.
Saul, verificando que também o povo começava a mostrar preferência por David, teve ciúmes dele e tentou matá-lo com uma lança, enquanto ele tocava harpa.
A morte de Saúl
As circunstâncias e causa da morte de Saul fazem também parte de duas passagens duvidosas do Antigo Testamento:
-
em 1º
Samuel 31:4-6, Saul ficou gravemente ferido numa batalha contra os filisteus e
pediu ao seu escudeiro para que o matasse com a espada; como o escudeiro
recusou-se, Saul matou-se caindo sobre a sua própria espada e depois o
escudeiro também matou-se;
-
em 2º
Samuel 1:1-16, um jovem amalequita dirige-se a David para contar que tinha
encontrado o rei Saul moribundo e que, a pedido do próprio rei, o tinha morto;
por conseguinte, David ordenou a execução imediata deste jovem, por ter morto o
rei de Israel escolhido por Yahveh.
Na verdade, não há nenhuma ambiguidade nessa passagem. O fato é que, o jovem amaleguita pensou que poderia levar algum tipo de vantagem assumindo a autoria da morte de Saul, o que não ocorreu. Mais uma "eixegese" equivocada.
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário!
ExcluirPois então temos:
- se o jovem matou Saúl - então temos uma contradição clara
- se o jovem não matou Saul - então Davi matou injustamente o jovem, mas o texto de Samuel nunca diz que Davi foi injusto ou que se tinha equivocado.
Saudações.