sábado, 21 de janeiro de 2012

Rei David





Segundo o registo no Antigo Testamento, o rei David, originário da tribo de Judá, conseguiu unificar as tribos e estender o território de Israel para a sua maior extensão de sempre, datando-se estes eventos por volta do ano 1000 AEC.

Esta personagem, quer seja histórica ou fictícia, é a maior referência nacional para os judeus. As pretensões políticas do actual Estado de Israel, fundado em 1948 EC, incluiam o restaurar das fronteiras do Reino Unido de David, que teriam existido há 3000 anos, segundo as descrições encontradas nos livros de Samuel, Reis e Crónicas. Mas, estas fronteiras, não chegaram a durar cem anos se é que chegou verdadeiramente a existir um Reino Unido de Israel.


As fontes de informação

As fontes de informação sobre o rei David resumem-se a alguns livros do Antigo Testamento, que não se podem considerar independentes:
-          o livro de Rute mostra a origem étnica de David: uma mulher moabita (sim, de Moabe, esse povo horrível!...) é a sua bisavó;
-          o livro 1º Samuel, capítulo 16 até ao fim, todo o livro 2º Samuel e 1º Reis, capítulos 1 e 2, contêm os episódios da vida de David;
-          o livro 1º Crónicas é claramente um rearranjo dos conteúdos encontrados nos livros de Samuel e Reis;
-          quase metade dos Salmos (73 em 150 capítulos) têm cabeçalhos relacionando a sua autoria com o rei David, insinuando uma vocação poética deste.


Belém

A cidade natal de David era Belém (1 Samuel 17:15). Alguns séculos depois de David, quando Israel encontrava-se ameaçado pelos assírios, surgiu uma profecia sobre um salvador que seria natural do clã de Belém Efrata (Miquéias 5:2).

Uma aplicação da profecia foi utilizada no Evangelho Segundo Mateus e no Evangelho Segundo Lucas para especificar o local do nascimento de Jesus na cidade de Belém.


As contradições

Como o livro 1º Crónicas é uma reedição dos livros e 2º Samuel, podemos encontrar inconsistências em relatos sobre o mesmos episódios, como, por exemplo, nos relatos de confrontos militares:
-          no relato da vitória de David contra o rei sírio de Zobá, um primeiro relato indica que David capturou 1.700 cavaleiros (2 Samuel 8:4) mas um segundo relato aumenta este número para 7.000 (1 Crónicas 18:4);
-          noutro confronto com sírios, contra o general Sobaque, o primeiro relato indica que David matou 700 condutores de carros e 40.000 cavaleiros (2 Samuel 10:18) mas o segundo relato menciona 7.000 condutores de carros e 40.000 homens a pé (infantaria) (1 Crónicas 19:18);


Um certo censo organizado por David, que provocou muita revolta no povo, também tem relatos com contradições entre 2º Samuel e 1º Crónicas:
-          o primeiro relato indica que foi Yahveh, zangado com os israelitas, que instigou David a recensear o povo (2 Samuel 24:1) mas o segundo indica que foi Satanás que instigou David a promover o censo (1 Crónicas 21:1);
-          na sequência do censo, os números da contagem de militares no primeiro relato apontam para 800.000 homens em Israel e 500.000 em Judá (2 Samuel 24:9); enquanto no segundo relato apontam 1.100.000 homens em Israel e 470.000 em Judá (1 Crónicas 21:5);
-          quando David arrependeu-se de ter fomentado o recenseamento, Yahveh apresentou-lhe uma lista com três castigos à escolha para punir Israel; no primeiro relato as escolhas eram “ou sete anos de fome ou três meses de perseguição por parte dos inimigos ou três dias de peste” (2 Samuel 24:13); no segundo relato a primeira escolha consistia em “três anos de fome” (1 Crónicas 21:11-12);


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