Segundo o registo no Antigo Testamento, o rei David, originário da tribo de Judá, conseguiu unificar as tribos e estender o território de Israel para a sua maior extensão de sempre, datando-se estes eventos por volta do ano 1000 AEC.
Esta personagem, quer seja histórica ou fictícia, é a maior
referência nacional para os judeus. As pretensões políticas do actual Estado de
Israel, fundado em 1948 EC, incluiam o restaurar das fronteiras do Reino Unido
de David, que teriam existido há 3000 anos, segundo as descrições encontradas
nos livros de Samuel, Reis e Crónicas. Mas, estas fronteiras, não chegaram a durar cem anos se é
que chegou verdadeiramente a existir um Reino Unido de Israel.
As fontes de informação
As fontes de informação sobre o rei David resumem-se a
alguns livros do Antigo Testamento, que
não se podem considerar independentes:
-
o livro
de Rute mostra a origem étnica de
David: uma mulher moabita (sim, de Moabe, esse povo horrível!...) é a sua
bisavó;
-
o livro
1º Samuel, capítulo 16 até ao fim,
todo o livro 2º Samuel e 1º Reis, capítulos 1 e 2, contêm os
episódios da vida de David;
-
o livro
1º Crónicas é claramente um rearranjo
dos conteúdos encontrados nos livros de Samuel
e Reis;
-
quase
metade dos Salmos (73 em 150
capítulos) têm cabeçalhos relacionando a sua autoria com o rei David, insinuando
uma vocação poética deste.
Belém
A cidade natal de David era Belém (1 Samuel 17:15). Alguns
séculos depois de David, quando Israel encontrava-se ameaçado pelos assírios,
surgiu uma profecia sobre um salvador que seria natural do clã de Belém Efrata (Miquéias
5:2).
Uma aplicação da profecia foi utilizada no Evangelho Segundo Mateus e no Evangelho Segundo Lucas para especificar o local do nascimento de Jesus na cidade de Belém.
As contradições
Como o livro 1º
Crónicas é uma reedição dos livros 1º
e 2º Samuel, podemos encontrar
inconsistências em relatos sobre o mesmos episódios, como, por exemplo, nos
relatos de confrontos militares:
-
no relato
da vitória de David contra o rei sírio de Zobá, um primeiro relato indica que
David capturou 1.700 cavaleiros (2 Samuel 8:4) mas um segundo relato aumenta
este número para 7.000 (1 Crónicas 18:4);
-
noutro
confronto com sírios, contra o general Sobaque, o primeiro relato indica que
David matou 700 condutores de carros e 40.000 cavaleiros (2 Samuel 10:18) mas o
segundo relato menciona 7.000 condutores de carros e 40.000 homens a pé
(infantaria) (1 Crónicas 19:18);
Um certo censo
organizado por David, que provocou muita revolta no povo, também tem relatos
com contradições entre 2º Samuel e 1º Crónicas:
-
o
primeiro relato indica que foi Yahveh, zangado com os israelitas, que instigou
David a recensear o povo (2 Samuel 24:1) mas o segundo indica que foi Satanás
que instigou David a promover o censo (1 Crónicas 21:1);
-
na
sequência do censo, os números da contagem de militares no primeiro relato
apontam para 800.000 homens em Israel e 500.000 em Judá (2 Samuel 24:9);
enquanto no segundo relato apontam 1.100.000 homens em Israel e 470.000 em Judá
(1 Crónicas 21:5);
-
quando
David arrependeu-se de ter fomentado o recenseamento, Yahveh apresentou-lhe uma
lista com três castigos à escolha para punir Israel; no primeiro relato as
escolhas eram “ou sete anos de fome ou três meses de perseguição por parte dos
inimigos ou três dias de peste” (2 Samuel 24:13); no segundo relato a primeira
escolha consistia em “três anos de fome” (1 Crónicas 21:11-12);
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