O nascimento de Jesus
Em João, tal como em Marcos, não é
mencionado o nascimento miraculoso de Jesus através da fertilização de uma
virgem pelo Espírito Santo. O autor presume, portanto, que Maria seria a sua
mãe natural, mas o pré-existente espírito de Jesus teria entrado na criança à
nascença.
A família
Podemos ler acerca da família natural de Jesus nos seguintes
versículos de João:
João 2:12 Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.
João 6:42 e perguntavam: Não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu?
João 7:3-5 Disseram-lhe, então, seus irmãos: Retira-te daqui e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque ninguém faz coisa alguma em oculto, quando procura ser conhecido. Já que fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Pois nem seus irmãos criam nele.
João 7:10 Mas quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele também, não publicamente, mas como em secreto.
João 19:25 Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena.
São mencionados os seguintes membros da família:
-
a sua mãe, mas nunca é referida pelo nome Maria, nem que era uma virgem;
-
o seu
pai chama-se José, apenas porque, num único versículo, Jesus é chamado de
“filho de José” (mostrando a irrelevância deste facto ou que a expressão “filho
de José” pode ter sido uma inserção);
-
tem
irmãos, mas não são especificados os seus nomes;
-
tem uma
tia, irmã de sua mãe.
Através de João
podemos confirmar que os irmãos de Jesus não acreditavam nele, o que já
tínhamos observado em Marcos.
Uma informação original é que, junto à cruz e aos pés de
Jesus, estiveram a sua mãe e a sua tia. Nos sinópticos nunca são mencionados
membros da família natural de Jesus como espectadores da crucificação e muito
menos estando tão perto da cruz.
Belém, o local do nascimento?
Em João, a
referência a Belém aparece não como indicação do local onde a personagem de
Jesus teria nascido, mas como motivo de discussão entre as diversas opiniões dos
que conviviam com Jesus.
João 7:40-43 Então alguns dentre o povo, ouvindo essas palavras, diziam: Verdadeiramente este é o profeta. Outros diziam: Este é o Cristo; mas outros replicavam: Vem, pois, o Cristo da Galileia? Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de David, e de Belém, a aldeia donde era David? Assim houve uma dissensão entre o povo por causa dele.
Alguns duvidavam que Jesus fosse o Cristo, porque Jesus não
era de Belém na Judeia mas sim da Galileia. Judeia e Galileia eram países distintos que só haviam tido um governo comum no tempo de Herodes o Grande (até 4 a.C.).
Nazaré e nazareno
O erro inicialmente introduzido em Marcos, de que Jesus seria natural de uma localidade chamada Nazaré
acabou por ser propagado por todos os evangelhos, chegando também ao de João.
João 1:45-46 Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê.
João 18:5-7 Responderam-lhe: A Jesus, o nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, também estava com eles. ... Tornou-lhes então a perguntar: A quem buscais? e responderam: A Jesus, o nazareno.
João 19:19 E Pilatos escreveu também um título, e o colocou sobre a cruz; e nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.
No Evangelho de João
o nome “Nazaré” ocorre duas vezes e o adjectivo “nazareno” ocorre três vezes. Nenhuma
destas passagens tem paralelo nos evangelhos sinópticos mas por aqui não se
desfazem as dúvidas suscitadas na leitura dos outros evangelhos. Poderemos
continuar a admitir que a atribuição de Nazaré como localidade de origem de
Jesus foi um erro propagado desde a origem: Marcos
(ou, provavelmente, uma das fontes utilizadas por “Marcos”).
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