quinta-feira, 16 de abril de 2009

Torah - Sábado, Páscoa, Nazireus





O Sábado, ou Sabbath


Os israelitas tinham de respeitar o Sábado (heb. Sabbath) como um dia de descanso semanal reservado apenas para a devoção religiosa. Isso significava que não podiam fazer qualquer espécie de trabalho. O livro de Números relata que um certo homem foi visto a apanhar lenha num Sábado e que a sua punição foi a morte por apedrejamento (Números 15:32-36). Era, portanto, um assunto muito sério.

Esta questão do Sábado seria frequentemente levantada nos relatos sobre Jesus, ou seja, nos evangelhos.


A Páscoa

A Páscoa deveria ser celebrada no primeiro mês do ano, o mês de Nisã (nome babilónico), aos catorze dias, para celebrar o êxodo do Egipto. 
Levítico 23:5-6 No mês primeiro, aos catorze do mês, à tardinha, é a páscoa do Senhor. E aos quinze dias desse mês é a festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos.

O ano começava na primeira lua-nova após o equinócio da Primavera e todos os meses dos israelitas começavam com a lua nova. Uma vez que os hebreus não tinham uma grande tradição em astronomia, pensa-se que o início da Primavera era determinado pelo despontar da cevada nos campos. O começo de um novo mês era determinado por observação da Lua em busca do mais ténue sinal de um crescente.

Como a Páscoa era celebrada no dia catorze, era sempre num dia de lua-cheia. No final deste dia os israelitas tinham de comer borrego assado acompanhado de pães ázimos (não fermentados). A seguir à Páscoa seguia-se a Festividade dos Pães Ázimos que durava uma semana.

Muito mais tarde, o cristianismo substituiu estas festividades pela comemoração da morte e ressurreição de Cristo.


Nazireado

Uma consagração religiosa, designada por nazireado, poderia ser feita por alguém como dedicação exclusiva ao culto religioso. Segundo a Lei, só os membros da tribo de Levi é que podiam ser sacerdotes e fazer serviço religioso. Mas um judeu, que não fosse levita, podia fazer um voto de “nazireu” em que se dedicava por inteiro a actividades religiosas durante um certo intervalo de tempo. Podemos consultar os detalhes desse voto no capítulo 6 de Números:
Números 6:1-7 ... Quando alguém, seja homem, seja mulher, fizer voto especial de nazireu, a fim de se separar para o Senhor, abster-se-á de vinho e de bebida forte; ... Por todos os dias do seu voto de nazireado, navalha não passará sobre a sua cabeça; ... Por todos os dias da sua separação para o Senhor, não se aproximará de cadáver algum. ... Por todos os dias do seu nazireado será santo ao Senhor.

Também em Amós há referência a esta consagração:
Amós 2:11-12 E dentre vossos filhos levantei profetas e dentre os vossos jovens, nazireus. Não é isso assim, filhos de Israel? Diz o Senhor. Mas vós aos nazireus destes vinho a beber e aos profetas ordenastes, dizendo: Não profetizeis.

Durante o tempo deste voto, o nazireu (heb. notzri) tinha as seguintes restrições:
-          não podia beber vinho, outras bebidas alcoólicas, ou qualquer produto que envolvesse uvas;
-          não podia cortar o cabelo;
-          não podia entrar em contacto com qualquer cadáver.


No Antigo Testamento, os dois únicos exemplos de nazireus foram Sansão (Juízes 13:5) e Samuel (1 Samuel 1:9-11), ambos dedicados, logo à nascença, por toda a vida. No Novo Testamento, a descrição relativa ao nascimento de João Batista em Lucas 1:11-15 mostra uma semelhança com os exemplos do Antigo Testamento
Juízes 13:2-5 Havia um homem de Zorá, da tribo de Dã, cujo nome era Manoá; e sua mulher, sendo estéril, não lhe dera filhos. Mas o anjo do Senhor apareceu à mulher e lhe disse: Eis que és estéril, e nunca deste à luz; porém conceberás, e terás um filho. Agora pois, toma cuidado, e não bebas vinho nem bebida forte, e não comas coisa alguma impura; porque tu conceberás e terás um filho, sobre cuja cabeça não passará navalha, porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre de sua mãe; ... 
1 Samuel 1:9-11 Então Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló; e Eli, sacerdote, estava sentado, numa cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor. Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou muito, e fez um voto, dizendo: ó Senhor dos exércitos! se deveras atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e pela sua cabeça não passará navalha
Lucas 1:12-15 E Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou. Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João; e terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento; porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe;

Estas três personagens nasceram, por milagre, de mães estéreis e foi-lhes feito um voto relativo a não se lhes cortar o cabelo ou de nunca beberem álcool.

Mais à frente vamos ver como a palavra nazireu pode ter sido confundida com a palavra nazareno relativamente a Jesus o Nazareno (heb. Yeshu ha-Notzri).


Referências:


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