segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Antigo Testamento - O que é?





O Antigo Testamento é um conjunto de trinta e nove livros, ou mais (conforme a selecção de livros de que é composto), escritos ao longo de vários séculos, em várias línguas, que podem ser agrupados da seguinte maneira:


Pentateuco ou Lei (Torah para os judeus)
São cinco livros, que narram a vida de Moisés e registam a lei dos judeus. O primeiro, Génesis, inclui a cosmogonia (origem do universo e da Terra) e a história primitiva do homem, segundo a óptica dos hebreus. Os outros são Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio.

Históricos
Josué, Juizes, Samuel, Reis, Crónicas, vários de escribas, entre outros

Poesia e Sabedoria
Jó, Salmos, Provérbios, Canções

Profetas Maiores
Isaias, Jeremias, Ezequiel, Daniel

Profetas Menores
Oseias, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Zacarias, Malaquias, etc

O Antigo Testamento corresponde à bíblia hebraica, conhecida pelos judeus pela designação de Tanakh (acrónimo de três palavras hebraicas Torah-Nevi’im-Kh’tuvim, ou seja, Lei-Profetas-Escritos), cuja composição é idêntica, embora com uma organização diferente.

A existência do Antigo Testamento, tal como conhecemos hoje, deve-se, em grande parte, a um escriba chamado Esdras que, no século V AEC, no pós-exílo babilónico, compilou os livros das Crónicas, bem como o livro que tem o seu nome, Esdras. Também atribui-se-lhe o facto de ter organizado as Escrituras Sagradas judaicas, numa primeira compilação dos escritos que eram considerados sagrados.

Vejamos um sumário de alguns aspectos históricos relevantes:

Época
Descrição
até 1000 AEC
Os hebreus começam a ganhar identidade própria dentro das etnias de Canaã. Grande parte da cultura é de origem suméria e da antiga Babilónia.
até 700 AEC
Dois reinos de hebreus: Judá a sul e Israel a norte.
por volta de 700 AEC
O reino de Israel (parte norte do território hebreu) é destroçado pelos assírios. O povo israelita é distribuído pelos territórios do Império Assírio. Muitos refugiam-se em Judá.
até 600 AEC
Josias, três filhos e um neto são os últimos reis de Judá (parte sul do território hebreu) divididos entre a lealdade aos assírios e o receio de uma nova potência – a Babilónia.
O reino de Judá é conquistado pelos (neo-) babilónios. Jerusalém é destruida e a elite é deportada para Babilónia para servir o Império.
até 500 AEC
Vários escritos produzidos durante a estada em Babilónia: Ezequiel, Jeremias, Daniel (este último poderá ter sido escrito mais tarde).
por volta de 500 AEC
Os persas derrotam os babilónios. Os judeus recuperam autonomia de Jerusalém sob o Império Persa. Zorobabel lidera a reconstrução do Templo de Jerusalém.
até 400 AEC
Esdras (Ezra) compila a literatura religiosa num primeiro canon daquilo que viria a ser o Antigo Testamento.

Outros escritos aparecem em certas edições da Bíblia, mas não são plenamente reconhecidos como sendo sagrados (ou canónicos), como, por exemplo, os livros Macabeus e Judite. São chamados deuterocanónicos, porque foram canonizados depois (gr. deutero, segundo; deuterocanónicos, canonizados em segundo lugar).


Como sobreviveu o texto

A única maneira de se conservar os textos era a sua contínua cópia, uma vez que os exemplares degradavam-se com o tempo e uso. Na Antiguidade, existiam as seguintes grandes correntes de cópias do Antigo Testamento:

-     Septuaginta (ou versão LXX) - foi uma tradução grega do Antigo Testamento que surgiu no século III AEC, em Alexandria (uma cidade do Egipto que tinha uma grande população judaica de língua grega); o nome advém da tradição que diz que foram 72 sábios, a pedido do rei Ptolomeu II Filadelfo (309 - 246 AEC), que traduziram os textos para o grego;

-     as traduções para o Latim só foram oficializadas a partir do século IV EC, com a introdução da Vulgata Latina por Jerónimo, que já incluía o Novo Testamento;

-    o texto Massorético - corresponde à versão oficial em hebraico, copiada segundo regras rígidas; mas, embora sendo o hebraico a língua original da maior parte dos livros do Antigo Testamento, esta corrente de cópias só se formou a partir do século VIII EC e não é claro quais foram as fontes iniciais para esta.



Entre os Rolos do Mar Morto - descobertos entre as décadas de 1940 e 1950 - foram encontradas cópias, em hebraico, de quase todos os livros do Antigo Testamento. Esses manuscritos são os mais antigos de todos os actualmente existentes, sendo contemporâneos da Septuaginta.
Só muito recentemente é que o seu conteúdo começou a ser utilizado para melhorar as traduções existentes da Bíblia.

2 comentários:

  1. Afinal quem escreveu ou compilou o antigo testamento e quem previu a vinda do próximo profeta? ou foi alguém ou personalidade que transmitiu a outra pessoa como aconteceu ao falso apostolo Paulo?

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  2. Parece que uma primeira compilação do AT foi feita por Esdras no início do século IV a.C. O próprio Esdras redigiu muitos dos textos.

    Por volta de meados do século III a.C., o rei do Egipto, Ptolomeu Filadelfo, encomendou uma tradução grega do AT para a biblioteca de Alexandria.

    Quanto à vinda de um profeta, parece que os judeus ficaram sempre à espera que o profeta Elias retornasse, uma vez que ele nunca morreu - foi transportado num "carro de fogo".

    No Novo Testamento (século I e II d.C.), essa crença ainda é visível, uma vez que, em diversas passagens, Jesus e João Baptista são questionados se, porventura, são Elias.

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