Filo Judeu de Alexandria
Fílo de Alexandria foi um filósofo judeo-helenista (20 a.C.
- 50 d.C.).
Terá nascido 20 anos antes do alegado nascimento de Jesus
e falecido 20 anos depois da alegada crucificação de Jesus. No entanto,
Filo nunca fala de Jesus Nazareno nos seus inúmeros livros. Refere, sim, um Jesus simbólico que vamos abordar neste artigo.
Pertencia a uma família proeminente da comunidade judaica de
Alexandria no Egipto (na altura, província romana). O seu irmão, Alexandre, era “alabarca”, isto é, era governador
do porto de Alexandria por volta de 30 d.C. e amigo do rei Herodes Agripa I. Um sobrinho,
Tibério Alexandre, foi procurador de Roma na Judeia.
Filo tentou uma interpretação do Antigo Testamento à luz da filosofia
grega e da alegoria, conciliando o conteúdo bíblico com a tradição filosófica
ocidental. Foi autor de numerosas obras filosóficas e históricas, onde expôs a
sua visão platónica do judaísmo.
Também ficou conhecido por sua doutrina do Logos, conciliando
o judaísmo com a filosofia de Heraclito de Éfeso. O Logos seria a Lei (Torah)
ela mesma, a ação de Deus no mundo, o instrumento da Criação, modelo do mundo e
imagem de Deus, a Palavra reveladora e o único meio a partir do qual a alma
humana adquire o conhecimento verdadeiro, que vem do conhecimento de Deus. Esta
faculdade, porém, não pertence ao homem senão como dom divino, como uma dádiva.
Filo estava ao corrente dos principais acontecimentos de Jerusalém durante a sua vida, apesar de viver em Alexandria. Um dos seus livros menciona uma delegação de judeus ilustres que foram pedir ao imperador Calígula para desistir do projecto de colocar uma sua estátua no Templo de Jerusalém (40 EC). Se Jesus Nazareno era famoso e notório, tal como os evangelhos o retratam, é estranho Filo não se referir a ele nos seus livros.
Um Jesus alegórico, pré-cristão
Filo viveu numa época em que o cristianismo ainda não existia
ou não era conhecido, ainda não existiam evangelhos nem ninguém ainda tinha ainda
ouvido falar do Jesus Nazareno. No entanto, num dos seus livros, Filo menciona
um Jesus mítico pré-cristão:
Filo de Alexandria, Sobre a Confusão das Línguas, cap. XIV
Mas sobre aqueles que conspiraram para cometer injustiça, diz ele, "vindo do oriente, acharam um vale na terra de Sinear, e habitaram ali;" [Gen 11:2] Falando mais estritamente em conformidade com a natureza. Pois existem dois tipos de amanhecer na alma, o de uma espécie melhor, e outro de uma pior. Aquele melhor tipo, é quando a luz das virtudes brilha como os raios do sol; outro, de pior tipo, é quando a luz é ofuscada, e os vícios manifestam-se. Agora, o seguinte é um exemplo do primeiro tipo: "E Deus plantou um paraíso no Éden, virado para Oriente", [Gen 2:8] Plantas não terrestres, mas celestiais, que o Jardineiro originou a partir da luz incorpórea que existe em torno dele, de tal forma que sejam para sempre inextinguíveis. Eu também ouvi um dos companheiros de Moisés pronunciar um discurso como este: "Eis que um homem cujo nome é Oriente" [Zac 6:12] Uma novidade em denominação, se considerá-lo como dito por um homem que é composto de corpo e alma; mas se você olhar para ela como aplicado a esse ser incorpóreo que em nenhum aspeto é diferente da imagem divina, então você vai concordar que o nome do Oriente foi dado a ele com grande felicidade. Pois o Pai do Universo o fez surgir como o filho mais velho, a quem, em outra passagem, ele chama-o de primogénito; e aquele que nasceu imitando os caminhos de seu pai, criou espécies tais e tais, segundo os seus arquétipos.
Mas o que diz a citação que Filo faz sobre Zacarias (na Septuaginta, LXX)?
Zacarias 6:11-12 Pegue a prata e o ouro, faça uma coroa, e coloque-a na cabeça do sumo sacerdote Yeoshua [=Jesus], filho de Jeozadaque. Diga-lhe que assim diz Yahveh dos Exércitos: Aqui está o homem cujo nome é Oriente, e ele sairá do seu lugar e construirá o templo de Yahveh.
Sem ser um texto cristão, porque Filo não o era, este texto
de Filo, elaborado em torno de um sumo sacerdote do Antigo Testamento chamado Jesus, está em perfeita sintonia com os textos cristãos anteriores aos
evangelhos – cartas de Paulo, e carta aos Hebreus.
Tal como Filo, Paulo considera Jesus como sendo primogénito
e imagem de Deus, causa de todas as coisas:
Romanos 8:29 Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
1 Coríntios 8:6 todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.
2 Coríntios 4:4 nos quais o deus deste mundo cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
Filipenses 2:5-6 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.
Também em conformidade com o pensamento de Filo, o autor de
Hebreus (que não foi Paulo) considera Jesus como sendo um grande sumo-sacerdote:
Hebreus 2:17 Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.
Hebreus 4:14 Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.
Para mais, este autor de Hebreus entendia que Jesus nunca
esteve na Terra, pois escreveu a respeito dele o seguinte:
Hebreus 8:4 Ora, se ele estivesse na terra, nem seria sacerdote, havendo já os que oferecem dons segundo a lei
Lembrando que a Carta aos Hebreus foi escrita poucas décadas
após a alegada existência de Jesus, se este autor soubesse que tinha havido um
Jesus Nazareno que tinha andado recentemente pela Terra, diria: “... quando ele
esteve na terra, não foi sacerdote...”.
Também em Colossenses (carta com autoria falsificada em nome de Paulo) vemos o mesmo tema:
Colossenses 1:15-17 O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.
- Filo, Sobre a Confusão das Línguas
Também gostei da sua escrita.
ResponderExcluirObrigada por ter deixado seu endereço.
Fique com Deus
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito importante esse estudo, toda minha vida foi dedicada à compreensão de meu motivo no mundo de hoje, sou espiritualista e sei que sou um filosofo desde tempos anteriores ao cristianismo. Hoje pude compreender um pouco mais de minha história.
Excluir-Espero contribuir em futuro próximo com o desfecho final desse enigma.
-Shalom Adonai!!!
Olá, antes de ler a bíblia peça a Deus sabedoria e discernimento espiritual e peça a Ele p te mostrar a Verdade...
ResponderExcluirO versículo que você postou ''Hebreus 8:4 Ora, se ele estivesse na terra, nem tão pouco sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei'' o autor estava se referindo a Ele depois da ascensão ( elevação aos céus)... O autor de Hebreus tinha CERTEZA da vinda de Jesus e tem varias passagens que falam isso: ''Hebreus 4-14 Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.
15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
16 Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.''
''Hebreus 9 11-15
Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,
Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.
Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne,
Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?
E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.''
Espero sinceramente que nao tenha lido o Novo Testamento, mas apenas juntado frases soltas da internet, pois do contrario, distorcendo as Palavras de Deus para enganar pessoas e afasta-las da Verdade, vc sabe muito bem o que o espera ( caso tenha lido e agido de má-fé).
Boa noite, q o meu Deus em nome do meu Senhor Jesus Cristo te desperte.
Muito bem!
ExcluirÉ necessário estudar o Filósofo Helenista Filo de Alexandria, todo cristão deveria saber que o tal, escreveu a respeito de cristãos, ajudadores de um tal mestre da justiça enviado por Deus para livrar o povo hebreu da cólera. O tal Mestre da Justiça, tinha 12 ajudadoes e fazia milagre como curas extraordinárias... porém estes relatos são anteriores a era comum (ou seja, antes de cristo), por tanto é muito natural que quem estuda os escritos da antiguidade, perseba a clara adapção de estruturas literárias (como os escritos de Filo, por ex.) dentro no NT.
ResponderExcluirO blog é legal sim, para quem deseja estudar e se aprofundar na história, para aqueles que não tomam tudo que lêem como verdade absoluta ou como mentira, antes porém investiga!
Filo, morreu por volta do ano 50 dC. porém, nunca conheceu a extraórdinária história de Jesus e seu discípulos, no entanto sabia (tanto que escreveu) a respeito de cristão antes de cristo (como os essênios).
Ele morreu depois da morte de Jesus, como pode afirmar que ele não conheceu a história que acontecia no seu tempo?
ExcluirOs essênios viveram a mesma religiosidade dos primeiros cristãos, isto é, o judaísmo do Segundo Templo. Que hajam semelhanças entre eles não é nada de extraordinário. Talvez tenham havido influências de ambos os lados, mas isso não é suficiente para dizer que um foi cópia do outro. Sobre Fílon não ter citado Jesus de Nazaré em seus escritos, o motivo se encontra na sua própria fala, talvez: ele era filósofo, não historiador
ExcluirEm 02/02/2020 eu comemorei 62 anos de minha concepção, que são apenas 61 até 02/11/2020 quanto comemorarei o dia em que nasci novamente em 1958.
ResponderExcluirEm 04/04/2020 postarei novo comentário que elucidará toda minha história...
Paz profunda a toda a humanidade!!!
Shalon Adonai!!!
Descobri este blog casualmente. Estudo de forma amadora religiões hinduísmo, mitraismo, budismo, Mistérios gregos, Cristianismo primitivo, taoismo, hermetismo, etc. há cerca de 20 anos, tenho quase a certeza que Jesus só existiu em forma de arquétipo à semelhança de muitas outras religiões contemporâneas. Lamento por aqueles papagaios que nem sabem que a igreja é uma invenção saída do concílio de Niceia e a bíblia inventada no concílio de hipona. O verdadeiro Cristianismo era o da experiência direta da gnose, cristo era apenas um modelo e no máximo um ser espiritual ou uma manifestação da crença no plano espiritual como podemos encontrar no Lamaísmo.
ResponderExcluirJesus de Nazaré encarna em si os arquétipos masculinos, certamente. Porém, é certamente uma pessoa real. A Igreja não é uma invenção do concílio de Niceia, isso é um absurdo: Paulo já falava de comunidades cristãs fundadas ao longo do Império Romano e até este concílio elas já tinham uma organização hierárquica definida. A Bíblia não foi "inventada" em Hipona, isso é outro absurdo. O Cristianismo não é experiência direta da gnose, ambos foram adversários ferrenhos até o século III. Um veio da Palestina no século I e outro do atual Iraque mais ou menos no mesmo período, mas com doutrinas diametralmente diferentes.
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