domingo, 16 de setembro de 2012

Evangelhos Canónicos: a história segundo Flávio Josefo





A história segundo Flávio Josefo

Muitos dos acontecimentos desta época e região estão apenas registados nas obras de Flávio Josefo, nomeadamente as obras Guerras dos Judeus, com sete volumes, e Antiguidades Judaicas, com vinte volumes.

Flávio Josefo, originalmente Yussef ben Matatias, nasceu em Jerusalém por volta de 37 EC e era de uma família da aristocracia sacerdotal. Aos 19 anos tornou-se um notável fariseu e aos 30 participou na Grande Revolta Judaica de 66 a 67 EC, como líder militar na Galileia. Quando a vitória dos romanos se tornou evidente, Josefo preferiu ser capturado pelas tropas romanas, do que participar num pacto suicida entre os seus companheiros de guerra. De prisioneiro rapidamente passou a protegido do general (depois imperador) romano Flávio Vespasiano e do filho Flávio Tito e, devido a isso, adoptou o nome destes. Pouco depois da queda de Jerusalém, seguiu Tito até Roma e lá recebeu a cidadania romana, uma pensão, assim como o livre acesso à corte de Tito e de Domiciano.

Josefo via esta revolta dos judeus mais como uma guerra fraticida do que de libertação nacional. Descreveu muitos confrontos entre facções rivais de judeus e parece que estes matavam mais compatriotas do que romanos. Obteve os favores da família Flaviana, porque predisse que o rei do mundo inteiro, aquele que as profecias antigas diziam que viria de Israel, seria o próprio Vespasiano que, realmente, tornou-se imperador quando chegou a Roma vindo... da Judeia! Vespasiano seria um Messias até para os próprios judeus, porque trouxe-lhes ordem e salvou-os da auto-aniquilação. Assim, Josefo imitou Isaías que, no seu tempo, também profetizou que um estrangeiro, Ciro da Pérsia, seria o Messias, rei do mundo.

A Guerras dos Judeus, escrita cerca de 74 EC, é a história dos Judeus desde o tempo da revolta dos Macabeus, em 165 AEC, até à destruição de Jerusalém em 70 EC. Mais tarde, cerca de 94 EC, Josefo escreveu Antiguidades Judaicas que seria uma espécie de complemento da primeira obra, cobrindo a história dos judeus desde o tempo da Criação até ao começo da guerra. Josefo também escreveu uma obra autobiográfica onde defendia a sua posição colaboracionista em relação ao poder romano.

Vejamos um resumo dos acontecimentos históricos, acompanhados pelas possíveis datas:

Data
Acontecimentos
37 AEC
Herodes (o Grande), com o apoio de Marco António e do senado romano, torna-se Rei dos Judeus, dominando sobre um território de dimensões semelhantes ao reino Asmoneu.
27 AEC
César Augusto torna-se imperador romano.
4 AEC
Morte de Herodes o Grande (Josefo menciona uma eclipse lunar), o reino é dividido em três partes.
Herodes Antipas fica governador (tetrarca) da Galiléia e Peréia.
Herodes Arquelau torna-se Rei dos Judeus (etnarca), com os territórios da Judeia e Samaria.
Herodes Filipe é governador da Ituréia.
6 EC
Herodes Arquelau é expulso e a Judeia torna-se provincia romana, governada pela Síria.
Quirinius, governador da Síria, organiza um recenseamento para a colecta de impostos.
Judas Galileu (ou Gaulanita) promove uma revolta contra os romanos.
14 EC
Morte de César Augusto. Tibério torna-se imperador.
26 EC
Pilatos torna-se governador da Judeia. No meio das descrições de Josefo sobre Pilatos aparece o famoso “Testimonium Flavianum”.
29 EC
(15º ano de Tibério. O capítulo 3 de Lucas refere que Jesus tinha 30 anos por volta desta data. Foi provavelmente a partir deste relato que foi criado o calendário que actualmente utilizamos.)
36 EC
Herodes Antipas divorcia-se de Fasaelis, filha do rei nabateu Aretas IV Filopatris, e casa-se com Herodias, sua sobrinha e ex-cunhada.
João Baptista censura publicamente Antipas e é preso.
Provavel data da morte de João Baptista.
Pilatos termina o seu mandato como procurador (ou prefeito) da Judeia.
37 EC
Aretas IV entra em guerra contra Herodes Antipas, por disputas territoriais, e derrota-o.
Os romanos vêm em auxílio de Herodes e derrotam Aretas.
Morte de Tibério. Calígula torna-se imperador.
Nasce Flávio Josefo.
39 EC
Calígula depõe Herodes Antipas e coloca o seu amigo Agripa I (neto de Herodes o Grande e irmão de Herodias), como rei da Judeia e Galiléia (até morrer, em 44 EC).
56 EC
Herodes Agripa II, torna-se rei da Judeia (até 95 EC). Exerce o poder com o auxílio de prefeitos romanos.
66 EC
Início da Grande Revolta dos Judeus contra os romanos. Josefo é comandante militar na Galiléia. Vespasiano é comissionado por Nero para conter a revolta.
67 EC
Josefo rende-se a Vespasiano, na Galiléia, em Jotapata.
68 EC
Em Roma, Nero é condenado à morte e opta pelo suicídio.
69 EC
O império romano ameaça desmoronar-se: três imperadores governam e são assassinados (Galba, Oto e Vitélio). Vespasiano torna-se imperador em Roma.
70 EC
Tito derrota os judeus em Jerusalém. O Templo é destruido. 
73 EC
A última bolsa de resistência judaica é derrotada em Masada.
75 EC
Josefo escreve Guerras dos Judeus.
94 EC
Josefo escreve Antiguidades Judaicas.


O "Testimonium Flavianum"

Josefo escreveu até alguns detalhes sobre o mandato de Poncio Pilatos como governador da Judeia, mas a única menção específica sobre Jesus Cristo é a seguinte:

Antiguidades Judaicas, XVIII, 3, 3
Por volta deste tempo [da revolta dos judeus contra Pilatos devido ao financiamento de um aqueduto com dinheiro do Templo], existiu Jesus, um homem sábio, se é lícito chamá-lo de homem, pois ele fez coisas maravilhosas, um professor de homens que recebiam a verdade com prazer. Ele fez discípulos tanto entre os judeus como entre os gentios. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos líderes entre nós, condenou-o a ser crucificado, os que o amaram não o esqueceram; porque ele lhes apareceu vivo de novo no terceiro dia, tal como haviam predito os divinos profetas estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele. E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não se extinguiu até hoje.

Esta passagem das Antiguidades Judaicas, que é designada por “Testimonium Flavianum”, é uma das provas apresentadas pelos defensores da existência de um Jesus Cristo histórico. No entanto, existem muitos factos que contrariam esta posição, nomeadamente:

-          segundo os evangelhos, Jesus era famoso e muito popular na Galiléia; por outro lado, Josefo viveu na Galiléia num tempo muito próximo da época em que supostamente Jesus teria lá vivido mas “escreveu” apenas umas poucas linhas acerca de Jesus; para contrastar descreveu demoradamente Judas da Galiléia (ou o Gaulanita), um homem que promoveu uma rebelião em 6 EC (Guerras II.8.1; 17.8 e Antiguidades XVIII.1.1-6);
-          o “Testimonium Flavianum” menciona Jesus em termos bastante elogiosos, reconhecendo que ele era o Cristo; no entanto, não há nada que indique que Josefo se tenha tornado cristão ou, de alguma forma, seguidor de Jesus;
-          se Josefo considerasse que este Jesus, alegadamente executado por Pilatos, era o Cristo e tinha ressuscitado, certamente teria investigado mais e teria feito uma descrição mais detalhada sobre Jesus;
-          “... e a tribo dos cristãos não se extinguiu até hoje” – quanto tempo é que já tinha durado essa “tribo” na perspectiva de Josefo?
-          esta passagem foi referida por Eusébio, um dos fundadores da Igreja Católica, no seu livro História da Igreja (século IV), mas outro apologista cristão do século III, Orígenes, que também fez uso da literatura de Josefo nunca cita esta passagem;


Por estas razões, o “Testimonium Flavianum” parece mais uma inserção do que uma passagem genuina e original do autor. É igualmente possível que esta passagem tenha surgido por corrupção de uma passagem existente de modo a dar algum suporte à existência de um Jesus Cristo histórico.


Sobre João Baptista

Para contrastar, Josefo menciona João Baptista com mais detalhe e de um modo que se pode considerar genuíno, na seguinte passagem:

Antiguidades Judaicas, XVIII, 5, 2
Para alguns judeus a destruição do exército de Herodes pareceu intervenção divina, certamente uma punição pelo tratamento dado a João, o chamado Batista. Porque Herodes condenara-o à morte, mesmo ele tendo sido um homem bom e tendo exortado os judeus a levar uma vida correcta, praticar a justiça para com o próximo e a viver piamente diante de Deus, e fazendo por se batizar; porque a lavagem seria aceitável para ele, se o fizessem não para o perdão de pecados mas apenas para a purificação do corpo; pressupondo uma alma previamente purificada por uma conduta de rectidão. Quando outros também se juntaram à multidão em torno dele, pelo facto de que eles eram agitados ao máximo pelos seus sermões, Herodes ficou alarmado. Eloquência com tão grande efeito sobre os homens poderia levar a alguma forma de sedição. Porque dava a impressão de que eles eram liderados por João em tudo que faziam. Herodes decidiu então que seria melhor agir antes, executando João, do que arrepender-se mais tarde. Por esta suspeita de Herodes, João foi trazido acorrentado a Machaerus, a fortaleza de que falamos antes, e lá executado. Porém o veredicto dos Judeus era de que a destruição que atingiu o exército de Herodes foi um castigo, um sinal de desagrado de Deus.

Herodes Ântipas divorciou-se da filha de Aretas, rei árabe, para casar com Herodias, provocando a guerra com o país vizinho. Por outro lado aprisionou e executou João Baptista por recear que este se tornasse um forte adversário. Josefo diz que alguns judeus achavam que a derrota militar infligida a Herodes por Aretas tinha sido um castigo divino por aquele ter executado João Baptista.

Nesta descrição não há nada de extraordinário ou de fantasioso e, por isso, podemos nos assegurar que João Baptista terá sido uma personagem histórica com uma descrição similar àquela que nos é dada pelos evangelhos. No entanto a descrição de Josefo sobre João Baptista e sobre a relação de inimizade com Herodes Antipas coincide apenas superficialmente com aquela encontrada nos evangelhos.
Josefo diz:
-          João baptizava, não para o perdão de pecados, mas para a purificação do corpo;
-          Herodes mandou encarcerar e executar João Baptista porque receava que João Baptista fosse um líder agitador que pudesse fazer-lhe frente;

Os evangelhos dizem:
-          João baptizava para o perdão dos pecados (Marcos 1:4);
-          Herodes mandou encarcerar João Baptista porque não gostou que este criticasse o seu casamento com Herodias e ordenou a sua execução por sugestão da sua nova esposa (Marcos 6:21-28);

Não obstante estas diferenças subtis, podemos dizer que o relato de Josefo sobre João Baptista é genuino e coincide com o dos evangelhos. Já o “Testimonium Flavianum” coincide com os evangelhos mas não parece ter nada de genuíno.

Sobre Tiago, alegado irmão de Cristo

Uma segunda passagem de Josefo, habitualmente utilizada em defesa da existência física de Jesus, refere sem grandes detalhes “o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago”:

Antiguidades Judaicas, XX, 9, 1
Cesar [Nero?], tendo ouvido sobre a morte de Festus, enviou Albinus à Judeia, como procurador. Mas o rei [ Agripa II ] privou José do sumo sacerdócio, e outorgou a sucessão desta dignidade ao filho de Ananus [ou Ananias], que também se chamava Ananus. ... Mas este Ananus mais jovem, que, como já dissemos, assumiu o sumo sacerdócio, era um homem temperamental e muito insolente; ele era também da seita dos Saduceus, que são muito rígidos ao julgar ofensores, mais do que todos os outros judeus, como já tinhamos dito anteriormente; quando, portanto, Ananus supôs que tinha agora uma boa oportunidade – Festus estava morto, e Albinus estava viajando – assim ele reuniu o sinédrio dos juízes, e trouxe diante dele o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago e alguns outros; e quando ele formalizou uma acusação contra eles como infractores da lei; ele os entregou para serem apedrejados; .... Albinus... escreveu iradamente a Ananus, e o ameaçou dizendo que ele seria punido pelo que havia feito; por causa disso, o rei Agripa tirou o sumo sacerdócio dele, quando ele o tinha exercido por apenas três meses, e fez Jesus, filho de Damneus, sumo sacerdote.

Josefo descreve um episódio ocorrido por volta de 62 EC, em que alegadamente figura Tiago irmão de Jesus Cristo.

Esta passagem dá apenas importância à demissão de Ananias do cargo de sumo-sacerdote por ter executado um grupo de homens sem ter recorrido à autoridade romana. De Josefo ficamos a saber muito sobre Festus, Albinus e Ananias mas sobre este Tiago, irmão de um tal Jesus chamado Cristo, ficamos a saber apenas que foi acusado de infracções e que foi apedrejado junto com outros homens.

Como Josefo não descreveu inequivocamente este Tiago, nem os outros homens que foram apedrejados, estes poderiam ser quaisquer uns. Este Tiago não era necessariamente o irmão de Jesus Nazareno referido em Marcos 6:3.

A expressão “o que era chamado Cristo” é, certamente, uma inserção porque se Josefo a tivesse utilizado teria desenvolvido sobre o facto de chamarem “Cristo” a este irmão de Tiago. E o nome Jesus era muito comum. O mais provável é que este Tiago seria irmão de Jesus, filho de Damneus, que acabou por ser escolhido para sumo-sacerdote assim que este grave incidente foi resolvido pelo governador Albinus e pelo rei Agripa.


17 comentários:

  1. É claro que não li todas as sandices de sua defecção histórica, mas em face do pouco que o meu estômago permitiu-me vislumbrar, gostaria de perguntar-lhe algo, por favor, responda: De onde o senhor tirou a informação de que MESSIAS significa Rei do Mundo?

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    1. Messias, em hebraico, significava "ungido", um título atribuído a um rei aprovado pelos profetas ou sacerdotes.
      Isaías atribuiu esse título a Ciro da Pérsia (Isaías 45:1 "Assim diz o Senhor ao seu ungido (Messias), a Ciro..."). Ciro tinha o título de Rei do Mundo.
      A partir do tempo de Isaías, "Messias" passou a significar alguém ao nível de Ciro (rei do maior império global do seu tempo).
      Em grego "Messias" escreve-se "Cristo".
      Simples

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  2. " – assim ele reuniu o sinédrio dos juízes, e trouxe diante dele o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago e alguns outros;" A sua interpretação de texto deixou-me em êxtase, estou encantado diante de tamanha cultura. Quem era chamado Cristo seu ANALFABETO, era Jesus e não o seu irmão Tiago, criei até uma resteg pra classificar o seu analfabetismo, e em bom português do Brasil #vaiserburroassimnacasadocaralho kkkkkk

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    1. Cara, vc coloca "Prof" (e um avatar de gravata) como título antes de seu nome?
      Vamos explicar:
      "e trouxe diante dele o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago..."
      Vamos alterar um pouquinho:
      "e trouxe diante dele o irmão de Jesus (o que era chamado Cristo), cujo nome era Tiago..."
      Veja, "o que era chamado Cristo" pode ser DELETADO da frase.
      Entendeu agora? (acho que não....)
      Melhor do que isso, só desenhando.

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    2. No artigo não se afirma que Tiago era o Cristo. Por isso, não se entende a sua estúpida objeção.

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  3. gostei demais aprendi muitos detalhes gostaria de saber qual o livro que josefo escreveu que fala da historia do velho testamento estou querendo comprar e nao sei olivro e o volume principalmente que fale sobre moises jerico jefte sansao rei asa absalao mardoqueu manases joabe senaqueribe rute etc

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    1. Obrigado pela apreciação!
      Acho que você se refere ao livro "Antiguidades Judaicas" de Flávio Josefo. Penso que no Brasil está publicado com o título "História dos Hebreus"
      Se pesquisar no Google, acho que encontrará onde adquirir em livro ou para baixar PDF.

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  4. Gostei muito do material, hoje já sabemos que a inserção do texto de Josefos sobre Jesus não é a mesma letra de Josefos.

    Gaspar

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  5. Deve-se levar em conta alguns pontos sobre isso:
    1-Não teria porque a igreja catolica acrescentar que Tiago era irmão de Jesus, pois para defender sua crença seria ideal que Jesus não tivesse irmãos para enfatizar a virgindade de Maria (que a Biblia nunca falou) então os catolicos iriam se contradizer se fizessem esse acrescimo.
    2- Esses escritos de Josefo nos primordios tbm foi copiado entre os judeus da Mesopotamia e eles tinham referencia da Jesus Cristo com exceção da aceitação de sua divindade e esses escritos não foram manipulados por cristãos
    3-Existem outros que tbm citam sobre Cristo e Cristãos no primeiro seculo e não são cristãos (Suetonio, Plinio e Tacito)
    4-Acharam o ossuario de Tiago em 2002, numa caixa tbm escrita na epoca como: Tiago, irmão de Jesus. Todos os estudiosos (sobre-tudo) não cristãos ja provaram que é da epoca em cima de 5 anos de estudo em 116 sessões , inclusive a escrita tbm é da epoca.
    Resumindo, tenho plena convicção que Josefo não era Cristão, e que citou mais por obrigação, e que depois possivelmente houveram o acrescimo de um ser como divindade. Mas que existiu, existem mais provas a favor que contra. Acho melhor tentar recorrer ao Yeshu Ben Pandera mesmo pra tentar diminuir que vai ter mais chance. A criação de um Cristo no quarto seculo pela igreja catolica e Constantino deixariam uma serie de buracos infantis, inclusive sobre seus criadores que nem sabiam direito oque criaram pra defender que o ato do batismo dá salvação.

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    1. 1-A própria bíblia diz q Jesus tinha quatro irmãos: Tiago, José, Simão e Judas, além de pelo menos duas irmãs.
      2-Os escritos de Josefo copiados na Mesopotâmia e demais países árabes foram feitos na verdade no século 10 pelo bispo árabe cristão, Agapius, de Hierápolis. A versão de um Jesus não divino foi uma compatibilidade cuidadosamente equilibrada com a visão de Maomé de um Jesus como profeta que não morreu na cruz.
      3-Suetônio fala de Chrestus e não Cristo. Chrestus significa bom, útil e era um nome dado para escravos libertos. Tácito teve seus escritos adulterados pelo escritor cristão Sulpício Severo no século 5. As cartas de Plínio falando de cristãos 80 anos depois da morte de Jesus foram publicadas postumamente e anonimamente.
      4-Relatório final sobre o Ossuário de Tiago:"A caixa de ossos é original; a primeira inscrição, que está em aramaico, 'Tiago, filho de José', é autêntica. A segunda metade da inscrição, 'irmão de Jesus', é uma farsa mal executada e uma adição posterior".

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    2. Caro anônimo,
      1- Orígenes, já no século III, menciona Josefo ter citado o mesmo Tiago. O Professor Louis H. Feldman, da Universidade Yeshiva, diz que poucos duvidam da genuinidade da desta menção.
      2-Alice Whealey, apresentou um manuscrito do século V que contém uma variante: “Ele era tido com sendo o Cristo” (onde, nos outros manuscritos, está “Ele era o Cristo”).
      3- Não era incomum que o nome tanto dos cristãos como de Cristo fosse escrito de maneira equivocada no segundo século. Quem nos informa isso é Tertuliano quando discursa sobre o ódio contra os cristãos, que chega a ser considerado um nome criminoso. Feita essa declaração, Tertuliano afiram:"Mas, cristãos, até onde se refere ao significado do termo, é derivado do ungido. Isso mesmo, e mesmo quando é erroneamente pronunciado por você como 'Chrestianus' (por que você nem mesmo sabe exatamente o nome que odeia), ele vem cheio de ternura e bondade. Portanto, você odeia inocentes, com um nome sem culpa" (Tertuliano, Apology, Cap. III; IN: ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James, Ante-Nicene Fathers, VOL 3, pp.20)."Mas, apesar de Seu nome, que o supremo Pai deu a Ele desde o princípio, não seja conhecido senão por Ele mesmo, ainda assim ele tem um nome entre os anjos e outro entre os homens, desde que é chamado de Jesus. Mas, Cristo não é um nome próprio, mas um título de Seu poder e domínio; pois assim é que os judeus estavam acostumados a chamar seus reis. Mas o significado desse nome deve ser declarado, em função do erro de ignorantes, que ao mudar uma letra, estão acostumados a chama-lo de Chrestus" (Lactantius, The Divine Institutes, Cap. VIII; IN: ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James, Ante-Nicene Fathers, VOL 7, pp.106). São poucos os estudiosos que contestam a autenticidade da passagem. Somente P. Hochart, em 1885, propôs que era uma fraude pia. Contudo, o editor da Oxford de 1907, Furneaux, dispensou sua sugestão e trata a passagem como genuína. Robert van Voorst escreveu que a citação de Tácito não poderia ter sido forjada, pois os cristãos não promoveriam sua fé como sendo uma “perversa superstição”, “fonte do mal” ou ainda como sendo “horrenda e vergonhosa”, embora “lá tenha crescido um sentimento de compaixão” em relação aos cristãos. John P. Meyer afirma não existir nenhuma evidência arqueológica ou histórica que dê suporte ao argumento de que algum escriba cristão tenha introduzido a passagem no texto.
      4- Sobre as cartas de Plínio a Trajano, não encontrei em lugar algum o que você afirmou, o que encontrei foi que a autenticidade delas não é contestada.
      5- Essa foi a acusação que fizeram depois de acusarem a inscrição toda de ser falsa, no entanto, que falsificação mal executada é avaliada por 200 especialistas ? No mínimo, você deveria não ser tão categórico, isso foi uma grande controversa, que acabou até em caso de polícia. Houveram sim especialistas que duvidaram da autenticidade da inscrição, mas isso nunca foi unanimidade. Por fim, a maioria dos estudiosos defenderam a autenticidade, jamais fora comprovada a suposta farsa.
      Fontes: https://logosapologetica.com/resposta-ao-ceticismo-net-falsificacoes/
      http://www.e-cristianismo.com.br/teologia/cristologia/suetonio-e-a-historicidade-de-cristo.html
      https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1cito_e_os_crist%C3%A3os
      https://marceloberti.wordpress.com/2011/05/03/plinio-e-a-historicidade-de-cristo/
      http://www.rmesquita.com.br/urnatiago.htm

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  6. Parabéns, és muito inteligente. Todos nós agradecemos por seu empenho e dedicação. O Reino de Cristo agradece.

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  7. Muito bom... Instrutivo. Meus parabens.

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  8. Olá
    Se me permite um comentário:
    Se Flavio Josefo escreve sobre João Batista e ainda sobre a sua missão de batizar os judeus, isso é mais uma comprovação da história verídica do cristianismo; pois como poderia ele existir e pra quê, se isso não eram uma prática comum do judaísmo nem dos ensinamentos de Moisés? Além do mais, João Batista é uma figura importante na história de Jesus Cristo!
    Quanto ao comentário de Josefo sobre Cristo, ele apenas cita o que ouvia de outros.

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    1. Só prova que João Batista, como o nome indica, batizava judeus. Não prova que os batizava para se tornarem cristãos.

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    2. Até porque esse termo propriamente dito, n existia ainda, correto. Isso foi mais tarde...

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    3. Exatamente.
      O termo Cristão datam o final do 2º século em diante.

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