quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Século II - Inácio de Antioquia




Inácio de Antioquia


Inácio de Antioquia (50 - 117 EC), na sua carta aos Esmirniotas, por volta de 110 EC, revela preocupação com os docetistas (gr. dokein, aparência) – cristãos que não acreditavam que o Filho de Deus tinha encarnado num homem.

Carta de Inácio aos Esmirniotas
(Cap 2)
Pois ele sofreu todas estas coisas por nossa causa. E ele verdadeiramente sofreu, tanto quanto verdadeiramente ressuscitou; não como certos infiéis dizem, que sofreu apenas na aparência; eles é que existem apenas na aparência, sem corpo, como demónios. 
...
(Cap 7)
Os docetistas abstêm-se da Eucaristia e da oração, pois eles não confessam que ali está a carne do nosso salvador, Jesus Cristo, que sofreu por nossos pecados, e que o Pai, em sua bondade, ressuscitou. Eles que negam o presente de Deus morrem nas suas disputas."


Repare-se que os docetistas eram cristãos, tal como Inácio. A diferença é defendiam outra doutrina sobre Cristo. A contenda era que Inácio defendia o Cristo-Homem, enquanto os docetistas criam num Cristo que apenas apareceu e revelou-se com aparência humana.

Se no tempo de Inácio, havia cristãos que não criam que o Cristo se tinha tornado homem, é difícil crer que a figura de Jesus da Nazaré tenha dado origem ao Cristo. A hipótese mais plausível é que o Cristo deu origem à figura de Jesus da Nazaré.


Docetismo

Docetismo é amplamente definido como qualquer ensinamento que afirma que o corpo de Jesus era ausente ou ilusório.

Na terminologia cristã, docetismo (gr. dokein (parecer) / dókēsis (aparição, fantasma)), pode ser definido como a doutrina segundo a qual o fenómeno de Cristo, sua existência histórica e corporal, e, portanto, acima de tudo, a forma humana de Jesus, era totalmente mera aparência, sem qualquer verdadeira realidade.

Em termos gerais é tomado como a crença de que Jesus só parecia ser humano, e que a sua forma humana era uma ilusão. A palavra Dokētaí (ilusionistas) referindo-se a grupos que negavam a humanidade de Jesus, ocorreu pela primeira vez numa carta do Bispo Serapião de Antioquia (197-203 EC), que descobriu a doutrina do Evangelho de Pedro, durante uma visita pastoral a uma comunidade cristã, e mais tarde a condenou como uma falsificação. Esta contenda parece ter surgido sobre disputas teológicas a respeito do significado, figurativo ou literal, de uma frase do Evangelho de João: "o Verbo se fez carne"

Duas variedades foram amplamente conhecidas:
-          numa versão (como, por exemplo, no Marcionismo) Cristo era tão divino que não poderia ter sido humano, uma vez que Deus não tinha um corpo material, e, portanto, não poderia sofrer fisicamente. Jesus só aparentava ser um homem de carne e osso; seu corpo era um fantasma;

-          outros grupos que foram acusados de docetismo declaravam que Jesus era um homem na carne, mas o Cristo era uma entidade separada que entrou no corpo de Jesus na forma de uma pomba no seu baptismo, lhe deu o poder de realizar milagres, e abandonou-o após a sua morte na cruz.

Numa crítica sobre a teologia de Clemente de Alexandria, o patriarca de Constantinopla, Photius (810 - 893 EC), na sua obra Myriobiblon ("10 mil livros") considerou que as opiniões de Clemente refletiam uma visão quase-docética da natureza de Cristo, escrevendo que "[Clemente] alucina que a Palavra não era carne, mas apenas parecia ser."

O Docetismo foi inequivocamente rejeitado pelo primeiro Concílio de Nicéia, em 325 e é considerada como herética pela Igreja Católica, Igreja Ortodoxa e Igreja Copta. No entanto resistiu como doutrina durante uma boa parte do primeiro milênio EC.


Referência:


2 comentários:

  1. http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/IlustracaoPort/1917/N610/N610_item1/P17.html

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  2. Jesus ressuscitou e os outros cristãos não viram por isso eles criam num Cristo de aparência

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