Evangelhos Sinópticos: Marcos, Mateus e Lucas
Podemos agrupar os primeiros três evangelhos canónicos (do Novo Testamento) e fazer uma análise comparativa, porque estes tratam dos mesmos temas. Quando referidos em conjunto, estes três evangelhos são designados por “evangelhos sinópticos”.
Comparando os três textos de Mateus, Marcos e Lucas, podemos elaborar um diagrama (figura acima) para demonstrar o peso dos conteúdos repetidos em cada evangelho.
Este diagrama revela como os conteúdos se repetem entre os evangelhos sinópticos. Como é que sucedeu esta repetição de conteúdos?
Supõe-se que Marcos é uma compilação de tradições orais ou pequenos escritos acerca de uma personagem com o nome Jesus. Para além de uma forte influência do Antigo Testamento não se sabe especificamente que outras fontes é que o autor terá utilizado, mas podemos formular as seguintes hipóteses:
Comparando os três textos de Mateus, Marcos e Lucas, podemos elaborar um diagrama (figura acima) para demonstrar o peso dos conteúdos repetidos em cada evangelho.
Este diagrama revela como os conteúdos se repetem entre os evangelhos sinópticos. Como é que sucedeu esta repetição de conteúdos?
Supõe-se que Marcos é uma compilação de tradições orais ou pequenos escritos acerca de uma personagem com o nome Jesus. Para além de uma forte influência do Antigo Testamento não se sabe especificamente que outras fontes é que o autor terá utilizado, mas podemos formular as seguintes hipóteses:
-
algumas
cartas de Paulo (40 a 60 EC), sobre o Cristo, filho de Deus, um ser celestial
que foi crucificado e ressuscitado ao terceiro dia; existem passagens em comum
com as cartas de Paulo e os conteúdos mostram que é mais provável Marcos ter
como fonte estas do que o contrário;
-
a
história de Jesus ben Pandera, possivelmente uma tradição oral do Sepher Toldoth Yeshu, sobre um pretenso
Messias que foi condenado a ser apedrejado num dia de páscoa durante o reinado de Salomé Alexandra (76 a 67 AEC);
Hipótese da Dupla Fonte para Mateus e Lucas
Quanto a Mateus e Lucas, domina actualmente a hipótese da
“Dupla Fonte” que sustenta que foram utilizadas as duas seguintes fontes:
-
Marcos – ou uma versão primitiva do Evangelho Segundo Marcos; considerada a
fonte da estrutura narrativa, comum aos sinópticos, da vida pública de Jesus;
-
Q – uma outra fonte, designada por Evangelho Perdido Q (do alemão “Quelle”
- “fonte”), cujo conteúdo seriam os textos que se encontram simultaneamente em Mateus
e Lucas (cerca de 200 versículos) mas que não se encontram em Marcos.
Trata-se de um texto hipotético, pois jamais foi encontrado um manuscrito com este
conteúdo, o qual pode ter sido uma colecção de pensamentos e dizeres de Jesus, com
pouca ou nenhuma estrutura narrativa. Também é designado por Evangelho dos Dizeres Q.
Nesta hipótese a primeira premissa é que Marcos
forneceu a estrutura narrativa para a composição de Mateus e Lucas,
porque:
-
Mateus, Marcos e Lucas têm
semelhança na sequência narrativa e concordam por vezes ao nível da composição
de frases;
-
em
algumas passagens Mateus concorda com Marcos, mas não com Lucas;
-
em
algumas passagens Lucas concorda com Marcos, mas não com Mateus;
-
Mateus e Lucas quase nunca concordam em
composição e sequência, embora concordem em conteúdo, exceptuando material
encontrado também em Marcos.
A segunda premissa é que os autores, “Mateus” e “Lucas”,
criaram os seus trabalhos independentemente, isto é, “Mateus” não conhecia o
trabalho de “Lucas” e vice-versa.
Finalmente, como também há semelhança em material comum a Mateus
e Lucas, e que não existe em Marcos, a terceira premissa é que
teria de haver uma segunda fonte comum: chamemos-lhe pelo nome de Evangelho Perdido Q.
Referência web: Fonte Q (wikipedia).
Referência web: Fonte Q (wikipedia).
Para além de material proveniente da “Dupla Fonte”, tanto Mateus
como Lucas apresentam também material exclusivo. Material exclusivo,
neste caso, não quer dizer material original. Por exemplo, o Antigo Testamento é extensivamente
utilizado em Mateus, constituindo
também uma importante fonte.
Hipótese Marcos - Mateus - Lucas
Outra hipótese – muito mais simples – é a que infere que Mateus inspirou-se em Marcos e Lucas inspirou-se em Mateus:
- Marcos – foi redigido para defender que o cristianismo não era um simples ramo do judaísmo e, portanto, poderia ser seguido por não judeus (num texto particularmente orientado para romanos); os seguidores do cristianismo não necessitariam de seguir normas judaicas; Jesus ilustra uma certa ruptura com o judaísmo.
- Mateus – o autor, que provavelmente pertenceria a uma comunidade judaica, pegou no texto de Marcos e alterou o sentido para mostrar que, afinal, o cristianismo era uma continuação do judaísmo; quem quisesse ser cristão teria de ser judeu ou converter-se ao judaísmo; Jesus é uma personagem que só faz sentido no universo judaico.
- Lucas – este autor pegou no texto de Mateus criando uma nova versão para novamente defender que o cristianismo seria uma doutrina para não judeus (orientado para gregos); Jesus teria cortado com o judaísmo, principalmente nas regras demasiado penalizadoras para as mulheres.
A "Grande Omissão de Lucas" pode ser analisada quer sob a hipótese de Lucas ter sido baseado em Marcos+Q, quer sob a hipótese de Lucas ter sido baseado em Marcos+Mateus.
Hipótese da Tripla Fonte
Finalmente, uma outra hipótese será aquela que infere que os três evangelhos sinópticos tiveram uma mesma fonte comum. Esta teoria é menos interessante porque a hipotética fonte comum seria muito semelhante ao Evangelho de Marcos.
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