A história de Lot, sobrinho de Abraão, contém uns bons momentos de humor, se descontarmos as partes chocantes (Génesis 19).
Lot tornara-se um homem rico e estava a viver na cidade de Sodoma, uma cidade que estava condenada por Deus devido à grande quantidade de homossexuais que lá viviam. Ora, os dois anjos que, juntamente com Yahveh, visitaram Abraão dirigiram-se a Sodoma e foram recebidos por Lot. Rapidamente a casa de Lot ficou cercada por uma turba (a cidade inteira!) de homossexuais famintos de sexo, exigindo que Lot lhes trouxesse os anjos para fora. Em troca, para poupar os anjos ao apetite sexual dos seus vizinhos, Lot ofereceu as duas filhas virgens mas esse gesto de “generosidade” só fez enfurecer os sodomitas. Os anjos conseguem resolver a situação cegando todos os que se encontravam a sitiar a casa de Lot.
Depois de alguma hesitação e após insistência dos anjos, Lot foge com a mulher e as filhas para longe, enquanto Deus fazia descer fogo e enxofre do céu para aniquilar a cidade. A mulher de Lot acabou por ficar para trás lamentando tudo o que tinha deixado em Sodoma, e ficou transformada numa “coluna de sal”.
O mais chocante no desfecho desta história é que Lot foi viver para uma caverna com as duas filhas e estas acabam por engravidar do próprio pai. Tudo premeditado pelas filhas, que embriagaram o pai antes de executarem o acto (é um caso inédito em que duas filhas violam o pai!...). Parece que esta parte da história de Lot serviria para explicar a origem dos amonitas e moabitas, pois os filhos gerados incestuosamente pelas filhas de Lot chamavam-se Amon e Moabe. De facto, grande parte das histórias do Génesis têm o objectivo de descreverem a origem dos povos da região. E, como os amonitas e moabitas foram inimigos dos israelitas durante séculos, esta lenda, escrita por estes últimos, dá-lhes uma origem muito indigna.
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